quarta-feira, 23 de julho de 2014

Ser invisível

Nunca fui pessoa de me ir meter no meio de confusões, sejam elas boas ou más. Sou o tipo de pessoa que chega a qualquer lado onde não conhece ninguém (faculdade, trabalho, convívios, o que quer que seja) e só balbucia meia dúzia de palavras até encontrar alguém com quem consiga sentir-me minimamente à vontade. O que, normalmente, implica que esse alguém também seja do tipo de "não levantar ondas". Odeio pessoas escandalosas, que falam alto e andam aos abraços e 5 minutos depois já estão todos zangados mas, espera, aos 6 minutos já são melhores amigos outra vez. Ou, vá, não as odeio. Só não são minimamente o tipo de companhia que procuro. Já tive drama qb na minha vida. Mais? Obrigada, mas não obrigada. Gosto de passar despercebida, de não me chatear e de não chatear ninguém.
Mas, ora bolas, que isto nunca me corre bem. Na faculdade era arrogante, tinha a mania e andava muito arranjada (não sei se este último se aplicava, também, aos dias em que até tinha sorte de calçar o mesmo modelo de sapatilhas em cada em pé no meio da pressa e do sono matinal mas, quando é para falar mal, o povo está sempre pronto). No trabalho, continuava a ser arrogante e, pelos vistos, a ter uma vida perfeita da qual, obviamente, não era merecedora. Depois, inevitavelmente, quando me acabavam por conhecer melhor, ou por saber alguma coisa da minha vida (real, e não da que as pessoas imaginavam que eu tivesse), ficavam todos muito admirados. Porque afinal és mesmo querida, porque és mesmo boa amiga e, a minha preferida, porque oh-coitadinha-que-já-sofreste-tanto. Enfim. Sim, é verdade, sou fria, não contem comigo para vos abraçar a menos que a coisa esteja mesmo muito crítica, mas sou boa pessoa e, regra geral, ajudo sempre toda a gente. Mesmo quem não merece. E tenho quilos de paciência (mesmo que, por dentro, esteja capaz de vos matar, vou aparentar sempre muita serenidade e podem despejar as vossas mágoas à vontade). E não sou coitadinha, sofri muito, mas quem não sofre?
Agora, vamos chegar à parte que me interessa. Eu não gosto desta coisa de "rotular" as pessoas porque, em 99% dos casos é um tiro ao lado (como quando me rotulam a mim, por exemplo). Desde que cheguei aqui, que não consigo fugir das pessoas que gostam de criticar (porque o nosso grupo de amigos é minúsculo) e não me sinto nada à vontade com tardes inteiras a criticar todas as pessoas que passam e todas as pessoas que conhecemos ou que não conhecemos. É só a mim que isto me faz comichão? Já tentei explicar que não gosto disso, porque não gosto que falem de mim e, portanto, também não vou estar a falar dos outros. Mas não adianta. Continuo a ter que passar por estas horas de sofrimento. Já tentei explicar de várias maneiras que não me sinto bem com isso e que, definitivamente, não vale a pena incitarem-me a participar activamente da conversa. Já consegui com que entendessem esta última parte, já ninguém me pede para me pronunciar. Deixam-me só ficar ali, sentada, só a olhar à volta e a tentar não ouvir metade das idiotices que se estão a dizer. Mas será que isto vai ser sempre assim? Falar mal quando se tem alguma coisa em concreto para dizer, ainda consigo entender. Agora, só porque sim? Não consigo. E, o pior, é que é uma coisa que me mexe muito com os nervos.

3 comentários:

  1. Infelizmente há pessoas que serão assim a vida inteira... cabe também a nós filtrar um pouco , porque as pessoas dificilmente mudam

    Sónia
    Taras e Manias

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  2. identifiquei-me completamente contigo no primeiro parágrafo...sou tal e qual assim...quanto ao resto acho que te deves manter assim e vais ver que mais tarde ou mais cedo verão que és diferente e que essa maneira de estar na vida é muito mais saudável...

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  3. Para corte-e-casaca, só a minha mãe e a minha irmã. Deus me livre de andar a criticar os outros com gente com quem não tenho total confiança.

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