terça-feira, 6 de setembro de 2016

A arte de confiar na vida

Sempre fui uma pessoa muito ansiosa, que gosta de fazer planos e traçar objectivos. Se havia coisa que me tirava do sério até há uns anos atrás era que me viessem com a lengalenga do "tem calma, tudo se resolve". Parecia-me impossível, como é que alguma coisa se ia resolver sozinha, sem eu fazer nada por isso? (Ok, momento de sinceridade, isto ainda me tira do sério. Um bocadinho, só. Um bocadinho muito.) Por isso, invariavelmente, revirava os olhos e continuava na minha.

Por outro lado, invejava imenso as pessoas que realmente confiavam na vida, que deixavam andar e viviam um dia de cada vez. Mas encolhia os ombros e dizia a mim mesma "Eu não sou assim, eu não tenho a sorte deles."

Hoje em dia, continuo a ser uma pessoa ansiosa (tinha que ter algum defeito, não é verdade?), mas estou a aprender, aos poucos, a confiar na vida. A experiência que tenho tido é que, realmente, as coisas têm um jeito estranho de se resolverem sozinhas.

Ainda me lembro de ser uma inocente, acabada de sair da faculdade, que dizia a quem quisesse ouvir "Eu nunca hei-de sair de Portugal! Alguma coisa hei-de arranjar por aqui!". E arranjei. Várias, até. Incluindo, uma depressão. Rapidamente, cheguei à conclusão de que não ia aguentar passar o resto da vida naquelas condições e decidi fazer as malas. O que mais me punha louca era a falta de perspectivas, o não ver luz nenhuma no fundo do túnel, nada que indiciasse que algum dia a coisa fosse melhorar. Portanto, saí de Portugal. A vida quis assim. E a vida tinha razão. Aos poucos, tudo se começa a encaixar, sinto-me bem comigo, com os outros, com a vida. Estar longe de casa continua a ser tão difícil como era no início, mas aprendi a lidar com isso. Aprendemos todos. É a vida que nos ensina.

21 comentários:

  1. Tienes razón, las cosas no se resuelven solas nunca, pero a veces hay que tener paciencia (que yo no tengo) y las cosas se ven con más calma un poco de tiempo después

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  2. Eu também sou uma ansiosa de primeira e tenho aprendido da mesma forma. Que o tempo é nosso amigo e que tudo se acaba por resolver, para o bem ou para o mal. Mas de nada vale a ansiedade e stress. Ando a treinar o positivismo, é difícil mas a ver vamos... Gostei muito deste texto. Beijinho.

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  3. Também sofro do mesmo mal " ansiedade " e confesso que já tinha idade para estar melhor.
    O tempo afinal é que se vai encarregando de nos dizer como é.
    Beijinhos e tudo de bom.

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  4. Tenho que aprender a confiar na vida também :/

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  5. Eu também sairia. Se tivesse algo fora que merecesse a pena. E não deixaria de gostar menos de Portugal por isso. Mas aqui... não há nada, ou há muito pouco. Uma morte lenta e um envelhecimento progressivo...
    Mas não estarás a dar demasiado crédito à vida? Acho bem que sejas de fazer por ti mesma. Tenho concluído que «esperar» não leva a absolutamente nenhuma mudança. Se és uma sortuda cuja espera resultou em alguma coisa, ainda bem. Mas como alguém que esperou e «ficou», digo-te que acredito que é a própria pessoa que mais chances tem de alterar o seu destino.

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    1. Eu não esperei e fiquei. Eu vim embora e esperei que corresse tudo bem. E, ao fim de algum tempo, começou a correr (;

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  6. Infelizmente também sofro do mesmo mal. Ansiedade e sofrer por antecipação. E tal como tu, aprendi que realmente existem coisas que o tempo trata. Hoje em dia um dos meus lemas é que tudo o que tiver de ser, será! E que se não foi, é porque não tinha de ser:)
    Aprendi com o tempo, e talvez com a maturidade, a ser mas optimista! Afinal pensamentos positivos atraem coisas positivas...!👍🏻
    Beijinho💗
    @sagadaemigracao

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    1. Sim, é esse o espírito (= às vezes ainda me custa pensar assim, mas estou a melhorar!

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  7. Eu não acredito muito nisso do esperar que tudo se compõe. Nada cai do céu e somos nós que temos de fazer algo e ir à luta. Tal como fizeste. Daí tudo se encaixar, certo?

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    1. Sim, ir à luta, sim. Mas não serve de nada fazer muitos planos, que a vida e o tempo trocam-nós às voltas =p

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  8. No mínimo fatídico que digas isto neste momento da minha vida :)

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  9. Também sou demasiado ansiosa para me bem, tento delinear e programar tudo. Mas com o tempo também fui aprendendo a deixar a vida levar. Deixar as coisas acontecerem! É difícil por vezes mas com o tempo aprendemos que só nos cansamos a nós!

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  10. uma vencedora, portanto. Parabéns por isso e que Deus a continue a proteger, quer credo n'Ele ou não. beijinho

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  11. Tens razão, para preservar um bocadinho a sanidade temos de deixar alguma parte da resolução 'para as próprias coisas'. Claro que se queremos ver um problema resolvido temos de fazer algo por isso, mas no geral parte dele nem sequer depende de nós - e nesta perspetiva o 'tudo se resolve' não quer necessariamente dizer que o problema se vai resolver, antes que ou se resolve ele ou a nossa vida resolve-se com ele. Fico contente por saber que tens uma perspetiva mais 'pacífica' sobre o assunto e encontraste um 'lugar' confortável :)

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