quinta-feira, 13 de março de 2014

Depende sempre da perspectiva

Quando estava na faculdade, só pensava "quero acabar o curso, começar a trabalhar e a ganhar dinheiro e fazer coisas adultas, tipo casar e ter filhos". A vida é engraçada e faz-nos assim umas partidas e neste momento, quando me lembro desses meus desejos penso "mas que grande eclipse mental que eu às vezes tinha, era de quem me mandasse com um par de lambadas bem dadas". Agora que sei o que é trabalhar e ganhar dinheiro (ahahah, ganhar dinheiro) e que já fiz coisas adultas (não casei, nem tive filhos, mas já paguei facturas suficientes para forrar as quatro paredes do meu quarto, por isso, acho que também conta) só penso "quero deixar de trabalhar" mas, como obviamente isso não será possível nas próximas 4 décadas - mini apoplexia - contento-me com um muito mais humilde, "quero ter tempo e dinheiro para namorar, para viajar, para fazer coisas que me deixem feliz, quero ter tempo para mim e o casamento e os filhos, para já, que se lixem". E é verdade. Aos 25 anos, o que é que uma pessoa sabe da vida para começar a constituir assim família à maluca? Deixem-me reformular: aos 25 anos, o que é que eu sei da vida bla-bla-bla-whiskas-saquetas? (Não gosto de globalizar, cada um sabe de si). Às vezes dou por mim a imaginar o que é que podia ter feito de maneira diferente, que podia ter emigrado mais cedo, que podia isto, que podia aquilo e, sinceramente, ainda bem que não fiz nada de maneira diferente. Tive patrões horríveis, mas que me ensinaram muito  (sobretudo, a saber que quando as coisas estão mesmo muito más, há sempre maneira de ficarem ainda piores) e cresci muito. Não vou agora dizer que é maravilhoso viver num país cheio de adversidades porque assim é que ganhamos carácter e crescemos enquanto pessoas e aprendemos o verdadeiro valor das coisas e mimimimimimi porque isso é tudo uma grande treta. Estar na merda é mesmo isso: é estar na merda. "Ah, mas temos que sempre que ver o lado positivo das coisas, Deus fecha uma porta mas abre uma janela". É verdade, sim senhora, mas às vezes a janela é tão apertadinha que só dá mesmo para apanharmos uma brisa de ar fresco. Mas, a verdade é que nem tudo foi assim tão mau. Aprendi que tenho amigos para o que der e vier, que a minha família louca e disfuncional consegue arranjar sempre maneira de me apoiar (mesmo que essa maneira seja do mais louco e disfuncional possível, mas o que conta é a intenção... acho eu) e que arranjei um namorado que gosta mais de mim do que eu algum dia podia ter sonhado.

2 comentários:

  1. Também já passei por uma fase assim e daqui a uns tempos vais olhar para trás e ver que tudo passa e se resolve.
    Força

    Sónia
    Taras e Manias

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