sexta-feira, 18 de julho de 2014

De volta

Foram 5 dias (nem isso). Cinco dias que passaram a correr... melhor dizendo, que passaram a voar. No sábado, lá consegui saltar da cama às 4 da manhã, às 5 já estava na estação para apanhar o primeiro comboio até Paris. Nunca gostei tanto de Paris como no sábado de manhã, foi a primeira vez em que vi a cidade sem estar mergulhada no caos. É Paris, portanto continuava a ter imensa gente na rua, mesmo antes das 7 da manhã, mas o ar era respirável. Cheguei ao aeroporto tão ansiosa como as crianças nos dias que antecedem as férias, fui comprar caixas de chocolates para os meus irmãos e queijos para os meus pais. À hora de almoço, já estava em Portugal. Fui recebida por um tempo espectacular, com o sol a brilhar e nem uma nuvem no céu e por um namorado ainda mais espectacular e cheio de saudades. Cheguei a casa e só tive tempo de tomar um banho e de me esticar no sofá com gelo no tornozelo (entorse há mais de uma semana, com dores e inchaço que não havia maneira de diminuírem) durante meia horita até chegar a primeira visita: o meu avô. Isto de ser emigrante tem destas coisas, de repente, toda a gente faz imensa questão de ser agraciado com a nossa presença. Claro que o meu avô é família, por isso não conta para a estatística. O lanche foi a coisa mais simples e maravilhosa de sempre: almendrados, húngaros e, do que eu mais tinha saudades, pão com fiambre (aqui o conceito de fiambre é completamente diferente daquele a que estamos habituados e, sinceramente, não me convence) acompanhados do famoso Compal. Ai, que saudadinhas que eu tinha da nossa comida. 
No domingo, seguiu-se a visita a casa do meu pai que, ultimamente anda armado em chefe de cozinha, e me fez um arroz de cabidela. Comi até rebentar. Sim, porque o senhor até tem jeito para a coisa e, no que me diz respeito, pode continuar a cozinhar. Ainda arranjei tempo para ir beber um sumo com uma das minhas melhores amigas e, no dia a seguir, para almoçar com outra das minhas melhores amigas (sendo que, a terceira das melhores amigas está aqui em França comigo, o que não é mesmo nada mau). Não posso deixar de parte o almoço maravilhoso que a minha avozinha me fez (não, não fiz muito mais além de comer durante estes dias). Há uns tempos tinha-lhe ligado e dito que tinha saudades de comer sardinhas fritas com arroz de tomate malandro. Importante referir que o arroz de tomate malandro da minha avó é  o melhor do mundo. E o que é que tinha à minha espera quando fui a casa dela? Exacto, sardinhas fritas e o bendito do arroz. E ainda bem que o almoço foi reconfortante, porque seguiu-se uma tarde de muito sofrimento (e de um tornozelo que piorou tudo o que já tinha melhorado) às compras com o meu namorado. E dizem que as mulheres são complicadas? A missão para aquele dia era encontrar um fato para ele usar na defesa do doutoramento (está quase!!!), missão essa que eu cumpri lindamente. Fato, camisa, gravata e ainda consegui desencantar uns sapatos. Mas, claro que o menino não se podia ficar por aqui. Aproveitou a deixa e foi calças de ganga, camisas e t-shirts até já ser de noite e estarmos atrasados para o jantar que se seguia. 

Foram dias espectaculares. Apesar de não ter parado um segundo, serviram para pôr o sono em dia. Consegui ter noites de sono ininterruptas, coisa que já só tinha muito de vez em quando, consegui matar saudades da criançada (leia-se: dos meus irmãos), da família, dos meus gatos, da terra, da comida, do mar. Toda a minha vida foi passada perto do mar. Até de férias, era raro irmos para algum lado que não tivesse praia. Acontecia, mas era raro. E é uma das (muitas) coisas de que sinto realmente falta aqui.

Agora, já estou de volta a Troyes. Pensava que isto de vir embora ficava mais fácil com a força do hábito, mas não. Da última vez consegui aguentar as lágrimas, com muito esforço, mas consegui. A primeira vez que chorei foi quando recebi a carta a dizer que tinha que trabalhar no dia de Natal e, mesmo assim, foi só depois de já estar bem fechada em casa. Desta vez, tive que ir à casa de banho do aeroporto chorar baixinho durante um bocado, esperar mais um minuto ou dois para sair com um ar apresentável e, pronto, cá estou eu outra vez, de volta à minha nova rotina de trabalho, casa, ginásio. Agora só volto a Portugal em Setembro. Até lá, vou esforçar-me bastante na dieta e no ginásio (está visto que isto de ir a Portugal é só encher o bandulho) e tenho uma mudança de apartamento pela frente. Mais aventuras, portanto.

3 comentários:

  1. Acho que vou mesmo para os pretos! :P

    Mas que história encantadora :) Só é pena é o tornozelo, é chato não termos a nossa total mobilidade em momentos importantes como este. Mas acho que o que importa, acima de tudo, é teres tido tempo com aqueles que mais amas! Agora é levar a vida para a frente e enfrentar os dias com um sorriso até Setembro! E bom ginásio :3

    Beijinhos xx

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  2. Daqui até Setembro é um rapidinho :) Não tarda já tás de volta!

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  3. Não há nada melhor que as nossas raízes!

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