sexta-feira, 5 de junho de 2015

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Andava eu aqui em queixumes de que "está frio", "não há sol", blá, blá, blá e não houve ninguém capaz de me enfiar um par de estalos?
Há uma razão para que nestas cidades seja inverno durante 2/3 do ano. Há várias até:
    1. Não há praia. Num dia estava cinzento como breu e no dia a seguir temos um sol radioso. Que serve para quê? Para nada. Não temos nem um cantinho onde dê para estender uma toalha decentemente ou um charco para molhar os pés. Diz que há por aí um lago, mas é preciso ter carro para lá chegar (e eu não tenho). Diz que há uma piscina, mas até agora a data de abertura continua no segredo dos deuses.
    2. É uma típica cidade de interior onde, quando está frio todos os santos ajudam: é rabanadas de vento, ele é granizo, ele é neve, ele é tudo quanto é desagradável e, quando está calor não corre uma aragem, o ar fica pesado e abafado e temos a impressão de que todo o oxigénio desapareceu misteriosamente. Mais de 30 graus e a única solução é munirem-se de todos os meios de refrigeração criados pelo homem em que consigam deitar as mãozinhas. Quem chega por último e já não consegue nem arranjar uma ventoinha ranhosa de 1977, passada de geração em geração, não desespere, que pode sempre enfiar a cabeça dentro do frigorífico.
    3. Aqui não há mar, mas uma coisa muito melhor: um canal. Um canal de água lamacenta, onde quase não há corrente e que é óptima para fazer criação de espécies várias, entre as quais, mosquitos. Não me incomoda particularmente o barulho que fazem quando uma pessoa quer dormir, nem o facto de, provavelmente, engolir umas dúzias de cada que vou correr ao ar livre; só me incomoda o facto de ser uma das poucas pessoas que existem (ou que eu conheço) que são alérgicas às suas picadas. E não estou a falar da alergia de "ah, olha, ficou um bocadinho vermelho, vou só ali besuntar-me em Fenistil e fica tudo bem". Não. Estou a falar de autênticos borbolhões, vermelhos, que chegam a inchar membros inteiros, que deitam pus, o Taj Mahal das borbulhas de mosquitos. Já cheguei a faltar à escola por não conseguir caminhar de tão inchadas que tinha as pernas; já levei injecções de cortisona; já tive que passar uma semana a ir fazer curativos ao centro de saúde por causa duma borbulha onde o pus parecia não ter fim. Pois que ontem, os meus queridos e esqueléticos pezinhos foram atacados sem dó nem piedade. Resultado? Não tenho pés, tenho dois sapos gordos, inchados, doridos, quentes e vermelhos (serem verdes também já era demais). Já tomei anti-histamínico, já me besuntei de corticóides, mas continuo a quase não os conseguir pousar no chão e os meus dedos estão tão balofos que já por várias vezes tentei ver se eles mexiam, mas sem sucesso.
Posto isto, não, não quero que volte o frio. Gosto muito de sol e de calorzinho. Mas vamos tentar manter-nos dentro de temperaturas mais toleráveis, sim? Para a próxima, emigro para o sul e, de preferência, para a beira-mar.

4 comentários:

  1. Aqui no Porto esteve um calor desgraçado. Até me senti mal! O que vale é que à noite já se sente ar a passar pelo corpo :)

    Isa,
    http://isamirtilo.blogspot.pt/

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  2. Não dispenso a beira mar por nada! Não consigo estar muito tempo sem ir à praia, nem que seja só passear!! eheh
    Beijinhos

    http://denisedeassis.com

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  3. Ai que cenário... só de pensar que muito provavelmente irei para um semelhante no final do ano até me faltam logo as forças... Bem pelo menos depois quando regressamos a Portugal aproveitamos tudo ao máximo!
    beijinhos e força!
    http://direitoporlinhastortas-id.blogspot.pt/

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  4. Também sinto muita falta do mar, moro longe dele. Não tenho alergia às picadas dos mosquitos, mas sei que quem tem sofre e sofre muito com o ataque desses intrusos. Desejo melhoras aos pezinhos.
    Cadinho RoCo

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