terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Coisas da vida

Eu não gosto de trazer para o blog assuntos dramáticos, nem reflexões demasiado filosóficas - guardo isso para o meu dia-a-dia, porque este blog é um escape e, como tal, tento com que seja leve e descontraído. Como eu. #sóquenão

Estou a escrever-vos isto no meu quarto de hotel em Manchester, para onde vim domingo à noite e que vai ser a minha casa até quarta-feira, porque vou estar aqui em formação. Não estou a adorar Manchester, não é que a cidade em si seja feia, que não é, mas tem um claro problema de falta de iluminação, demasiada chuva (e isto dito por alguém que viveu 25 anos no Porto) e demasiados sem-abrigo (mais que Londres). 

Como vim para aqui sozinha, dei por mim com muito tempo livre e ninguém com quem falar e não estou a gostar nada. Foi como voltar atrás no tempo ao último ano em que vivi em Troyes, quase completamente sozinha, em que chegava a casa ao fim do dia e só tinha as paredes e os móveis para me receberem. 

Só quem passa por estas coisas é que pode compreender. Eu não sou propriamente a pessoa mais social e extrovertida que existe, mas também não me dou nada bem na solidão. Gosto de companhia. E nestes dias aqui tenho dado por mim a sentir-me muito grata por, finalmente, não estar a viver sozinha. Por estar a viver e a construir uma vida com a pessoa que amo e por estes dias sem companhia serem passageiros. São só até quarta-feira. E é tão bom saber que vão ter fim. O desesperante dos meus últimos tempos em Troyes, antes de termos tomado uma decisão para resolver a nossa vida, era não saber quando é que a situação ia mudar. Mas mudou e ainda bem.

Posto isto, tenho duas coisas a dizer:

Em primeiro lugar, a maior parte das pessoas é bastante compreensiva no que diz respeito à minha escolha de ter emigrado. No entanto, de vez em quando lá vem o comentário parvo para me tentar fazer sentir mal. Sim, eu escolhi emigrar. Não porque queria e quem me dera a mim que a situação em Portugal tivesse melhorado o suficiente para eu poder voltar, mas não melhorou. E sim, eu adoro a minha família e os meus amigos, mas viver sempre com a corda à volta do pescoço ou, pior ainda, viver de subsídios ou da ajuda dos meus pais não dá para mim. E tive de escolher deixar o país. Só eu sei o quanto me custou e o quanto me custa. Não estou arrependida, a minha vida melhorou imenso, tive oportunidades de carreira que nunca teria tido em Portugal e, a quem interessar, deixo-vos aqui a frase do meu pai: "Vejo-te mais agora do que quando estavas cá". Porque eu agora vou ao Porto com tempo, dinheiro e disposição para conseguir aproveitar a minha cidade e a companhia das pessoas. Portanto, comentários estúpidos vão ser eliminados, ok? "Ah e tal, mas o tempo da censura já passou". Sim, passou. Mas o blog continua a ser meu, portanto, só é publicado o que eu quiser.

Em segundo lugar, tem-me valido muito o Instagram nestes dias. Um grande obrigado a toda a gente que me tem mandado mensagens, vocês são uns fofinhos e têm-me feito imensa companhia. Um obrigado especial à i., que até me mandou sugestões de coisas a visitar. Quem tem seguidores assim, tem tudo. São poucos, mas bons! Bons, não. Muito bons!

E pronto, era só isto. Tenham um resto de um bom dia (=

19 comentários:

  1. Sério? Vêm opinar sobre a vida de cada um para aqui?

    É aquele momento estranho que duvidamos da exposição do nosso blog, mas também daquela capacidade de os apagar e sermos senhoras de nós próprias!!

    Realizar e fazer por nós é o meu lema!!

    Força
    Beijinhos
    https://atitica.wordpress.com/

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  2. Deve ser mesmo complicado estar longe mas obviamente que tem as suas vantagens e a tua escolha é tão nobre e razoável tal como das pessoas que dicidiram ficar. São opções, ninguém tem que ser julgado por isso e a ti só desejo que tudoooo corra pelo melhor!

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  3. imagino o quão dificil deve ter sido (e ainda deve ser) emigrar :( só de pensar nisso até fico com o coração pequenino! x

    E. ♥ Meet me for Breakfast

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  4. Tens que ter força e não ligar ao que as outras pessoas dizem, tiveste que fazer uma escolha para o teu bem estar!
    Gostei muito do blogue, segui.
    Beijinhos

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  5. E tu fazes-nos companhia com os teus insta stories :D

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  6. Vai passar rápido :)
    As pessoas falam sempre do que não sabem, tu és dona e senhora de ti mesma, as tuas escolhas só a ti dizem respeito, mas pronto.
    Um beijinho

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  7. As ausências mesmo pequenas servem muito para valorizar a pessoa que amamos e está ao nosso lado.
    Quanto a emigrares só te posso chamar a ti e a todos que vão à procura de oportunidades e dos seus sonhos uma heroína.
    O Amor e a Amizade vai-se controlando à distância e faço minha a frase do pai, porque por vezes estamos perto mas longe....
    Beijinhos e tudo de BOM

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  8. Essa i. deve ser uma pessoa mesmo querida pá :P que ainda por cima nunca foi a Manchester! Ahah, mas espero que os conselhos estejam a dar frutos :) [já vi que foste à Catedral, espero que tenhas gostado]
    Passando a coisas sérias, não tinha nada a ideia de que as pessoas aqui no blogue também eram mazinhas em relação à emigração :/ Quem vai embora sabe melhor do que ninguém o que deixa para trás, não precisa que ninguém lhe diga.
    Quando voltei da Suíça, as pessoas perguntavam-me "e agora? vais embora outra vez?" e eu só respondia "se ficar, não é bom sinal". E por agora vou ficar, o que significa que não foi bom... Vou ganhar menos (lol... muito menos mesmo) a fazer algo que não me motiva loucamente. Claro que estou muito agradecida por arranjar algo, mas é pecado querer algo melhor para nós? Lutar por isso?
    Nunca desistas daquilo em que acreditas. Pode parecer muito cliché, mas é mesmo aquilo que acho que deves fazer! :) O importante é construíres a tua felicidade, que é o que estás neste momento a fazer.
    Ah! E só para dizer que acho que é mais fácil fazer Porto-Londres do que a minha terrinha no Sul-Porto. E possivelmente mais barato! ahah

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  9. Nem sabes o quanto fico feliz por estares bem, estares a fazer algo por ti. Essa sensação é horrível, mas lá está é passageira. Estás mil vezes melhor agora :D

    Beijinhos,
    BLOG DEZASSETE

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  10. Há sempre quem atire a pedra só porque sim. Mas como dizes, o estaminé é teu logo aplica a censura sem culpa =)

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  11. Minha querida, só que passa por isto é que sabe a solidão e os obstáculos pelos quais a gente passa. Estar longe não é nada fácil e pouca gente o faria se não houvesse motivos muito fortes. Beijinho

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    1. Exactamente! Se o fizemos é porque tivemos uma óptima razão... várias, às vezes. Beijinhos

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  12. Também já tive de lidar com momentos de maior solidão e não é fácil. Olha, mas o que não mata engorda. :)

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    1. Ai, mas eu não quero engordar xD brincadeira. Tens razão (;

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  13. Sou seguidora fiel tanto aqui como no instagram mas não dou grande sinal de vida, por isso não te faço grande companhia nesses momentos mais solitários, apesar de estar deste lado =(.
    Não estou "emigrada" no sentido técnico do termo, mas estou a 900km (e a uma viagem de avião) da maioria da minha família. E tenho que confessar que, se a minha primeira reação a essas pessoas que ousam julgar as tuas opções de vida é a de estupefação em relação a acharem que têm alguma coisa a ver com isso, o facto é que às vezes faço isso a mim própria em relação à minha escolha de ter ficado por Lisboa, longe da minha família. Mas vai ajudando ter uns pais que insistem em me lembrar que, por mais que sintam a minha falta, preferem ver-me feliz.

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    1. O apoio da família é muito importante, sem dúvida. E, no fundo, só as pessoas que nos são próximas é que têm uma opinião que interessa (;

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  14. Eu dou-me bem com a solidão :) não me incomoda muito. Quanto à emigração, fizeste o que achavas melhor para ti e ninguém tem nada a ver com isso. Mas sabes que, quando tens um blog, sujeitas-te sempre a receber comentários sobre a tua vida, quer os publiques, quer não. :*

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    1. Sim, sujeito-me, mas a partir de agora vai haver censura =p

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