sábado, 13 de outubro de 2018

Life in the UK - alimentação infantil

Quem tinha saudades desta rubrica, hm? Quem? Ena, tanta gente. Bem, nada temam, está de volta. Desta vez, com um tema que poderá não interessar a muita gente, mas cá vai na mesma. 

Quando eu e o homem perguntámos aos nossos colegas quando é que seria uma boa altura para começar a procurar creches, as repostas foram unânimes: "agora!". Houve, até, quem dissesse que já íamos tarde e ficámos a saber que há quem vá reservar vaga nas creches ainda antes de engravidar, o que me parece simplesmente esquisito, mas enfim, cada um sabe de si. 

Adiante. 

Lá começámos nós a pesquisar opções. O ideal seria algo perto de um dos nossos trabalhos, onde não nos cobrassem um rim (chegámos rapidamente à conclusão de que ter um filho na creche é coisa para custar uma piquena fortuna), limpo, seguro, com um staff simpático, enfim, acho que toda a gente sabe o que é que os pais esperam destas coisas. Em termos das creches em si, posso dizer que ficámos contentes com várias. Mas, foi então, que decidi começar a reparar nos pequenos pormenores que poderiam fazer a diferença para a nossa escolha final e fui ver os menus do que dão às crianças para comer durante o dia. 

Nunca tive grandes esperanças de que seguissem uma dieta super saudável - a dieta no UK é das menos saudáveis que já vi - mas pensei que houvesse um mínimo, tendo em conta que são crianças e que a comida está a ser servida num estabelecimento de ensino (privado e bem caro, ainda por cima). Pois bem, não há. Ao que parece, não existem, sequer, regulamentações nesses campo. Comecei a ficar com os cabelos em pé ao ver que a maioria das creches serve doces à sobremesa do almoço diariamente. Também havia dias em que serviam fruta... acompanhada de gelado ou custard (uma espécie de molho doce). De maneira nenhuma que isto seria aceitável para nós e, embora fosse possível dizer que não queríamos que dessem essas coisas à nossa filha, o dia ia chegar em que ela ia ver os outros miúdos a enfardar bolo e ia querer também. 

Já estava aqui a pessoa a começar a ponderar arranjar uma ama, coisa que não queria nada, quando surgiu uma luz ao fundo do túnel. Fomos hoje visitar uma creche, a 10 minutos a pé do meu trabalho, com óptimas classificações e, pasmem-se, com uma dieta aceitável. Não é perfeita, mas é aceitável. Muita fruta, muitos legumes e sim, tem bolo e bolachas, mas só de vez em quando. Também têm opções de refeições vegetarianas para todos os dias, coisa de que gostei muito porque, embora não sejamos vegetarianos, não comemos carne nem peixe a todas as refeições e agrada-me ter essa opção na escola também. Sendo assim, não perdemos tempo, e a princesa já está inscrita.

Nisto tudo, continuo sem perceber como é que o país que tem guidelines para tudo e mais um par de botas não tem regras nenhumas para o que dão de comer às crianças. Enquanto dentista, sou obrigada a falar com os meus pacientes sobre consumo de açúcar, tenho de conversar com os pais e saber dar conselhos sobre dieta saudável e como manter o consumo de açúcar no mínimo possível. Mas, ao mesmo tempo, querem que mande a minha filha para uma creche onde lhe vão enfiar açúcar pela garganta abaixo todos os dias? Parece-me, no mínimo, contraditório. Nem vai acontecer, como é óbvio, porque com tudo o que se sabe hoje em dia, está simplesmente fora de questão para nós. Mas, de repente, faz mais sentido a quantidade de pessoas com excesso de peso (e problemas associados) que existe nesta terra.

15 comentários:

  1. Na escola do meu filho (apesar de ele não almoçar lá, mas porque a qualidade deixa um pouco a desejar... e isso já vai de quem cozinha e não da escolha do menu) há opções vegetarianas todos os dias. E a maioria das sobremesas são fruta. Ocasionalmente, iogurte ou gelatina. Muitíssimo raro pudim. Há sopa todos os dias. E, regra geral, acho que têm uma ementa bem pensada e completa. Devia ser assim para tudo quanto é sítio que serve comida a crianças. Já não há falta de informação nesse campo hoje em dia que justifique o contrário.

    Quanto ao preço e às inscrições, aí não sei, mas aqui também é assim... é imensamente caro e inscrevem-se ainda grávidas ou antes. Porque simplesmente não há vagas. True story. Não é tão esquisito como pensas :P e não é assim tão estranho que te digam que já vais tarde!

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    1. Bem, o lugar para a creche de que gostámos mais já está assegurado, mas não estava nada à espera que fosse tão renhido =P

      Quanto à comida, eu sempre comi na escola e lembro-me que também torcia o nariz imensas vezes mas, bom ou não, era comida saudável que nos serviam. Aqui, na maioria dos sítios, é autêntico lixo!

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  2. São estas incoerências que não consigo perceber! E não faz qualquer sentido serem tão negligentes no que toca à alimentação. Ocasionalmente, aceita-se, agora ver que é regular assusta um pouco.
    Ainda bem que conseguiram uma alternativa melhor :)

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  3. Ainda bem que encontraram a opção ideal. Eu dirijo uma creche e jardim de infância em Portugal e neste momento aconselho as pessoas a procurarem quando estão grávidas porque, pelo menos no nosso caso, estamos a ter muita procura e depois os quatro meses de licença acabam num piscar de olhos e as famílias ficam aflitas e acabam por ter que optar pelo que está disponível, não pelo que realmente gostam.
    Relativamente à alimentação fico feliz por puder dizer que doces, no nosso caso, só em dia de aniversários ou, muito pontualmente. Se disser uma vez por mês, ou até mais espaçadamente, não estou a exagerar. A sobremesa é sempre fruta e, nos raros casos em que existe doce, comem sempre a fruta primeiro.
    Sinceramente faz um pouco de confusão o que referiste, mas cada país tem os seus hábitos no entanto, julgo que deveriam ter parâmetros mais exigentes na alimentação das crianças.

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    1. Bem, mas aqui a licença não são 4 meses, é 1 ano =P mas pronto, já tratámos do assunto. Quanto à alimentação, também acho que deviam ter parâmetros mais exigentes, sem dúvida!

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  4. Também fico parva com certas coisas que ainda acontecem, sobretudo no que diz respeito à educação dos mais pequeninos (e à saúde, que neste caso em particular, está relacionado). É verdade que no Reino Unido não têm a alimentação mais saudável, mas também pensava que havia um cuidado maior e algumas regras nesse campo...!

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    1. Eu acho que eles não têm noção do quão pouco saudáveis são... =P

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  5. Que curioso! Não fazia ideia que assim é por esses lados! Tinha ideia de que, por serem tão rigorosos em quase tudo, não se deixassem abandalhar nessa matéria!
    Obrigada pela partilha!

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    1. De facto são rigorosos com tudo! Curiosamente, não com isto, vá-se lá perceber =P

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  6. Uma colega de trabalho tem o filho na 1a classe na escola pública. Ela disse que a escola tem regras bastante restritas relativamente à alimentação que o filho leva de casa. Por exemplo, tem de levar 3 peças de fruta diariamente. Isto difere muito da tua experiência. Acho estranho o dualismo. Não sei se é por ser escola pública vs privado ou se por ser comida dos pais vs do estabelecimento de ensino mas amanhã já questiono...

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    1. Tem de levar fruta, mas se calhar se levar batatas fritas de pacote e um bolo todos os dias também não dizem nada =p aqui foi a experiência que tivemos, mas acho que também deve variar conforme as escolas

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  7. Realmente deveriam existir mais cuidados em relação à alimentação das crianças... É muito chato que mesmo sabendo do mal que os açucares e afins fazem à nossa saúde, continuem a apostar fortemente nisso.
    Fico contente que tenham arranjado uma solução que vá ao encontro do que precisam e da saúde da vossa bebé :)

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    1. Eu também estou contente, agora é torcer para que corra tudo bem!

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  8. É chocante! Aqui, embora as refeições escolares não sejam gourmet, lembro-me perfeitamente que eram sempre opções saudáveis. Sobremesa era sempre fruta e ocasionalmente gelatinas sem açúcar ou iogurte, sempre sopas e saladas a acompanhar. Acho horrível fruta com custard? Numa creche? Não têm nutricionistas a acompanhar?

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