quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

"Me Time" com um Bebé

Toda a gente sabe que ter um bebé é cansativo, mas só quem tem um sabe o quão cansativo é. Às vezes penso que se estivesse em Portugal e tivesse alguém para me dar uma mãozinha de vez em quando, tudo seria mais fácil, mas a verdade é que, desde que o homem voltou ao trabalho, 99% do meu tempo tem sido passado sozinha com a bebé. 

Sei que este é um assunto sensível e que muita gente vai revirar os olhos até à nuca, mas já dizia a canção: estou nem aí. Adoro a minha filha, mais que tudo na vida, mas sinto falta de ter tempo sozinha ou com outros adultos. 

Acredito sinceramente que ninguém consegue fazer um bom trabalho a cuidar de quem quer que seja, bebés incluídos, se não se sentir bem e, como tal, tento aplicar isso à minha vida. Eu preciso de estar bem - por mim, mas também para poder dar o melhor de mim à minha bebé.

Sendo assim, tenho tentado ao máximo ter um bocadinho de tempo para mim todos os dias, por pouco que seja. Vou deixar-vos aqui as coisas que mais me têm ajudado a sentir que tenho algum tipo de controlo sobre a minha vida e levantado a moral:

  • Exercício físico: não é novidade para ninguém que a gravidez muda muito o corpo duma pessoa. Apesar de estar preparada para isso, passei por uma fase complicada no que a olhar para o espelho diz respeito. Ainda não estou onde gostaria de estar, até porque com o cansaço fica mais difícil ter energia para treinar e a força de vontade para resistir a tentações mais açucaradas nem sempre está lá, mas tenho feito um esforço. Há dias em que me levanto às 6h ou 6h30 (tenho a sorte de ter uma bebé que dorme decentemente durante a noite) para ter a certeza de que vou ter tempo para treinar como quero e tomar um belo duche a seguir. Toda a gente sabe que os bebés têm um sensor que os avisa de que a mãe está prestes a relaxar no duche, que é para eles começarem a berrar a plenos pulmões nesse preciso momento, que era o que faltava deixarem a mãe ter 10 minutos para ela. Ora, a essa hora da manhã, o pai ainda está em casa e pode tomar conta da pequena enquanto eu tomo o meu duche à vontade. Se custa sair da cama tão cedo? Custa. Ela dorme bem de noite, mas obviamente acorda para comer. Mas este ritual matinal (até rimou e tudo) ajuda-me imenso a encarar o dia com mais boa disposição.
  • Aproveitar o fim-de-semana: vou ser muito sincera convosco - chegando o fim-de-semana eu faço questão de que o pai fique um bocado com a bebé para eu poder fazer alguma coisa que não fiz durante a semana. São coisas simples, até porque a Leonor está longe de aguentar muitas horas sem comer, mas são coisas que fazem a diferença. Seja ter tempo para arranjar as unhas ou poder tomar uma chávena de chá e ler uma revista, sinto que recupero muita da minha sanidade mental.
  • Sair de casa: isto é super importante. Em Portugal, temos uma relação muito complicada com o inverno e com o frio e sei que muita gente pensou secretamente mal de mim por sair de casa com uma bebé tão pequena em pleno inverno. Felizmente, no UK as mentalidades são diferentes e fui sempre incentivada a sair. Obviamente não ia passear debaixo de chuva torrencial, evitei sempre locais fechados e com muita gente (tipo os centros comerciais tão apreciados em Portugal!), levei a menina sempre bem agasalhada, enfim, tive todos os cuidados, e a verdade é que as nossas caminhadas ao ar livre me fazem imensamente bem. 
  • Fazer planos: nunca tive filhos em Portugal, por isso não sei como são as coisas por lá, mas aqui há todo um mundo de grupos e grupinhos com 1001 coisas para se fazer com bebés. Ele é sessões de brincadeira em centros para crianças, sessões de leitura gratuitas nas bibliotecas municipais, encontros de mães, etc. Tenho tentado fazer sempre qualquer coisa diferente com a Leonor: café com as mães que fizeram as aulas pré-natais comigo, almoços com uma colega que teve uma bebé na mesma altura que eu, sessões de "Play & Learn" num centro aqui perto de nossa casa e estamos agora a pesquisar aulas de natação para bebés. São actividades óptimas para a Leonor, que não se aborrece de estar dia após dia só com a minha companhia, e para mim, que tenho a oportunidade de conversar com outros adultos.
E pronto, agora que partilhei isto convosco, sei que há muita gente que me vai apelidar de má mãe e "como é que é possível não querer passar todos os segundos do dia com a filha", mas tenho esperança que haja alguém desse lado que me compreenda e, quem sabe, sinta o mesmo que eu. Já agora, se tiverem alguma sugestão de actividades/rituais que tornem a vida com um bebé mais fácil, sintam-se à vontade para partilhar!


8 comentários:

  1. Má mãe? que disparate!! Temos que ser para ter para dar, essa é a maior das verdades!! Não tenho dicas, fiz algumas coisas para facilitar, uma foi descansar quando ele descansava, outra foi incutir uma rotinha de sono para ele, sempre à mesma hora, banho, mamada já a meia luz e dormir, e tudo isto cedo para eu poder aproveitar algum tempo para mim também. Nunca te sintas mal contigo própria, somos mães de primeira viagem e fazemos o melhor que podemos e sabemos sempre!!! Beijinhos

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  2. Claro que não és má mãe. Antes de mães também somos mulheres e humanas. É muito normal sentir falta de tempo só para nós, para as nossas coisas.

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  3. Sabes quem é que eu acho que te pode chamar de "má mãe"? As mães que não têm possibilidade de fazer o mesmo que tu - seja porque não se permitem a si próprias (por não se sentirem psicologicamente capazes de deixas as crianças por um segundo), seja as que têm homens inúteis em casa que não cumprem o papel de pai e acham que as mulheres têm que fazer tudo.
    Sabes que cada vez que te vejo (no Instagram) no ginásio, ou a passear, ou a cuidar de ti, e sabendo que não tens família por perto, vejo-te como um exemplo daquilo que eu quero para mim quando for mãe, e acima de tudo como a prova de que sim, é possível. E, na minha opinião, só faz bem, às duas.

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  4. Excelente Mãe!

    Pais felizes terão sempre filhos felizes. Era tão bom que aqui em Portugal houvesse 1000 grupinhos! Cá é raro haver essas coisas e aí sim uma pessoa acaba por se sentir mais só.

    Bjs

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  5. Não sou mãe, mas acho que todas estas sensações são naturais e válidas. Já para não falar que é extremamente importante ter esses momentos a sós, para recuperar energias e a sanidade. Porque também acredito muito no facto de termos que estar bem para sermos capazes de cuidar dos outros

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  6. Apelidar de má mãe? Era o que mais faltava!
    Toda a gente faz aquilo que é o melhor para si e para os seus filhos e isso é o mais importante!
    Beijinho e continua

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  7. Não sou mãe, mas acredito que seja desgastante não termos o mesmo tempo para nós, por isso, é super importante que o faças. Logo, não te acho má mãe, pelo contrário, acho que conseguires equilibrar tudo isso só te torna um exemplo a seguir. Tens de estar bem contigo e se é esse o caminho e as tuas pequenas regalias para recarregar baterias, fazes tu muito bem!
    Beijinho

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  8. Não és má mãe por isso ;) eu adoro a minha filha (e o meu filho!), mas tudo o que sentes é natural! Tamos juntas :D eu tenho a minha mãe para ajudar, abençoadinha. Agora tomo conta de um miúdo de 3 anos. Mais a minha. E nos últimos 4 dias tive cá o mais velho com 10 anos e uma prima de 8. Imagina. Não sei onde pára a minha sanidade mental por estes dias, ahahah!

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