Mas há vida mais sagradinha que esta? Deve haver, mas não conheço. O que importa é que já tinha saudades.
Quando cheguei ao Porto e comecei a dar por mim com tempo para dormir, confesso que a única coisa que fiz foi mesmo essa. Quanto mais dormia, mais me apercebia de como estava exausta. E assim se passou uma semana. A dormir.
Mas, depois, a vida real voltou a chamar por mim e toca a deitar mãos à obra: tratar de documentos, de traduções e, a melhor parte, do curso intensivo de francês. Está a ser brutal, se fosse muito rica vivia só a fazer cursos de línguas. Mas, também está a dar muito trabalho. É que além de intensivo, tem que ser em tempo recorde, o que implica o dobro do trabalho em metade do tempo. Mas não há problema! É só dar corda às sapatilhas e a coisa faz-se. Tenho uma professora que é uma fofinha, sempre a encorajar-me, mesmo quando eu acho que por trás dos olhos dela vejo a passar um letreiro que diz "mas o que é que estás para aí a dizer?" e, no geral, acho que até me estou a safar muito bem. Já tinha saudades dos cadernos e dos livros e de ter que tirar apontamentos... Não tinha saudades dos trabalhos de casa, nem dos quilos de coisas para estudar, mas é um pequeno preço a pagar.
Quanto à essencial questão da emigração, estou a tentar pensar nisso o mínimo possível. Se é para ter um ataque de ansiedade, que seja só no dia antes de ir embora, não vale a pena andar a sofrer por antecipação.
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