Para a minha terceira colaboração no ACMA – A Cultura Mora
aqui – pediram-me para escrever um texto sobre o futuro.
Tendo em conta a reviravolta que a minha vida levou nos
últimos meses, com a segunda mudança de país em 3 anos, não podiam ter
escolhido um tema mais acertado.
Sempre fui uma pessoa que gosta de fazer planos. Chegada a
passagem de ano, era ver-me a escrever uma lista de objectivos para o ano que
ia começar. Passei muito do meu tempo a planear e a rever os meus planos e a
acrescentar sempre coisas novas à lista. Mas, a vida ensinou-me que planear só
serve para se sofrer por antecipação. Colocamos uma pressão descomunal em nós
mesmos e para quê? A vida tem os seus próprios planos e os nossos acabam por
raramente se concretizarem (pelo menos, da maneira que tínhamos pensado).
A minha mudança para França foi um período complicado. Não
estava realmente preparada – ninguém está – e foi difícil. Foi difícil aceitar
que tinha de emigrar, foi difícil lidar com papéis, com a língua, com a
diferença cultural, com as saudades, enfim, com tudo um pouco. Mas, sobrevivi.
E, chegados ao fim os meus 3 anos em Troyes, posso reconhecer que, apesar de a
vida me ter trocado as voltas várias vezes, fui feliz na mesma. E, agora, cá
estou eu, em Inglaterra. Mais uma mudança difícil. Feliz, porque foi para
começarmos a nossa vida a dois, mas difícil. Mais papéis, mais exames, mais tudo
e mais alguma coisa. Mais uma etapa nova da minha vida que está a começar, sem
fazer a mínima ideia de em que é que isto vai dar.
Com os anos tenho aprendido a confiar, a ter mais calma. A
viver um dia de cada vez. Ainda sou uma pessoa ansiosa e que precisa de se
ocupar. Ainda sou uma pessoa perfeccionista. Ainda sou uma pessoa com
objectivos (e acho que todos devíamos ter algo pelo qual lutar, senão qual é a
piada disto?). Mas, já não sou uma pessoa obcecada com o amanhã, com o que vai
acontecer no futuro. E tem corrido bem. Não só porque consigo viver o meu
dia-a-dia com muito mais leveza de espírito, como os resultados têm sido
positivos e tenho, pouco a pouco, conquistado tudo o que queria. Se calhar, não
pela ordem que eu queria, nem quando eu queria, nem como eu achava que ia ser.
Mas, no final do dia, sou uma pessoa feliz. Aqui e agora. E não é isso que
importa?
O meu conselho para toda a gente é: preocupem-se com o
futuro, sim. Preocupem-se em ter como pagar as vossas contas, em ocuparam-se
com coisas que vos preencham. Preocupem-se com o futuro do planeta, com o
futuro do país. Mas não fiquem obcecados com todos os aspectos do vosso futuro.
Vivam um dia de cada vez. Vão ver que faz toda a diferença.
Se gostaram do texto
e quiserem juntar-se ao projecto ACMA, é só mandarem um mail para acma.cultura@gmail.com .
Gostei muito deste texto. Boa sorte com a nova mudança, vai correr bem :)
ResponderEliminarUm dia de cada vez, como disseste.
Sim, tem mesmo de ser (=
EliminarE eu tenho acompanhado, não todas mas algumas mudanças da tua vida e torço para que tudo corra bem. E é isso o que dizes, pensar com os pés na terra mas viver o momento também :)
ResponderEliminarNem sempre é fácil, mas tenho melhorado (=
EliminarGostei muito do texto, acho que nos devemos preocupar e preparar o nosso futuro, sem sofrer por antecipação e ir aproveitando todos os dias ao máximo! Beijinhos*
ResponderEliminarÉ esse equilíbrio que é difícil encontrar, mas tudo se consegue (;
EliminarPor acaso admiro-te imenso por teres coragem de viver fora do país. Era uma coisa que gostava de experimentar durante dois ou três anos, mas tenho muito receito de não ambientar-me bem :l
ResponderEliminarContudo também deixei de planear o futuro, o que acontecer, aconteceu :D
Beijinhos,
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