Há dois dias no ano que eu adoro. Há muitos dias no ano que eu adoro, mas há dois que eu adoro por uma coisa tão simples como por serem os dias em que chegam os catálogos da La Redoute. Ai, adoro aquela sensação de que ali, no meio daquele catálogo novinho em folha, estão centenas de novidades, cores, padrões, tecidos. Só coisas novas. E adoro ver, rever e escolher, ficar na dúvida, imaginar combinações. Não, não é só uma futilidade (e que fosse, ninguém tem nada a ver com isso, mas adiante). O que eu gosto mesmo é aquela sensação de quem vem aí uma temporada nova, uma oportunidade de fazer reset e começar de novo. Recomeçar com um novo estilo, com novas ambições, é quase como se aquele catálogo fosse a porta para uma vida nova.
É claro que não é. É claro que nunca consigo comprar nem um décimo da minha wishlist tão criteriosamente elaborada. É claro que o meu estilo se mantém sempre o mesmo e que eu me mantenho a mesma pessoa, assim como a minha vida também não sofre nenhuma alteração dramática. E é claro que eu já sei isto tudo quando tiro o catálogo da caixa do correio. Mas, que se lixe. Continuo a adorar abrir pela primeira vez aquele catálogo fresquinho como uma alface.
Eu sei que podia poupar imenso trabalho e ver o catálogo na internet mas, para mim, o catálogo da La Redoute é como as fotografias: eu sei que as posso ver no computador, mas preciso de sentir o papel nas mãos, senão não é a mesma coisa. E depois de horas a dar-lhe forte no francês, estou a precisar de voltar a pôr a cabeça no sítio e de relaxar (gostava, já agora, de aproveitar para explicar a diferença entre folhear e desfolhar, essas duas palavras que tanto apoquentam muitos portugueses: desfolhar é tirar folhas, portanto evitem dizer que desfolharam um livro, como já ouvi a "sôdotora" Bárbara Guimarães dizer perante todo um Portugal, que só vos fica mal) e vou folhear o meu catálogo que está ali, sossegado à minha espera. Tão querido e fofo que só ele. Ele e o meu edredão.
A bientôt!
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