Odeio fazer mudanças. No sentido literal da coisa, não estou a falar das graaandes mudanças de vida, alterações cósmicas influenciadas pelo universo e pelo destino e blá blá blá. Odeio mudar de casa. O que é engraçado, tendo em conta que ao longo da minha vida já devo ter mudado de casa umas 15 vezes. Dá tanto trabalho! Porque é que tem que ser tão enervante? Podia ser só atirar as coisas para umas caixas e "au revoir!", mas não.
Para começar, nem sequer se podem atirar as coisas para umas caixas. Têm que se dobradas, embrulhadas, empilhadas, arrumadas como peças de um puzzle muito complicado, porque senão partem-se ou simplesmente não cabem (é incrível a quantidade de tralha que se tem numa casa, por muito pequena que seja). Felizmente, a minha mãezinha é mestra em arrumar e empacotar e fazer as coisas caberem em sítios onde parecia impossível que coubesse lá uma pulga. Já eu? Eu sou o caos. A minha versão de arrumar é enfiar as coisas mesmo à pressão em gavetas e/ou armários porque "longe da vista, longe do coração". E depois olho para tudo o que tenho que fazer e é tanta coisa que eu desisto ainda antes de começar. Já sei que no dia de ir embora vou andar em pânico a atirar tudo para a mala do carro (sim, mãe, a tua filha saiu assim mesmo, podes orgulhar-te) e a aspirar a casa só para inglês ver, para não a devolver com muito mau aspecto.
Depois, toda a burocracia da coisa aborrece-me. Foi preciso avisar o senhorio com meses de antecedência, agora é preciso ir desligar contadores da luz, da água, do gás, mudar as moradas de facturação, mudar a morada fiscal, tratar do papelzinho disto e do papelinho daquilo. A sério? Eu só quero ir embora, não quero que aprovem um projecto para enviar o bicho-da-seda à lua pela primeira vez (até isso devia ser mais fácil. Afinal, estamos em Portugal, devia ser só uma questão de pagar a quantia certa à pessoa certa)!
E, depois, são as despedidas. Uma pessoa não está bem, mas começa a fazer amizades, a habituar-se a algumas coisas, a criar uma rotina... Vou ter imensas saudades do ginásio, das aulas de ritmos brasileiros, de bodyattack, de bodyjump e de bodystep (sim, eu andei viciada), vou ter saudades das minhas colegas, do restaurante mexicano, da gelataria, da chocolateria (percebem agora o porquê de tanto ginásio?), de viver a 30 segundos do trabalho, de estar numa cidade sem trânsito e sem poluição. E vou ter muitas saudades dos amigos e amigas que fiz por aqui (mais amigas, que eu sou mulher séria). Além disso, ontem à noite, depois do meu jantar de despedida, descobri que também vou ter muitas saudades do bar da poncha. Ai, a poncha, a poncha... Bem, adiante.
A mudança está quase. Amanhã ainda vou trabalhar, é o último dia (disso não vou ter saudades nenhumas. Zeeeerooooo. Aliás, parte de mim está a ponderar nem sequer lá pôr os pés amanhã), e depois na terça-feira espera-me um dia maravilhoso a empacotar e acartar coisas e a correr dum lado para o outro. Ai, vida cruel. Não posso só estalar os dedos e automaticamente ter tudo tratado? Não, claro que não.
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