segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Há quase 7 meses que me mudei para França. Às vezes parece que foi ontem, outras vezes parece que estou aqui há uma vida inteira. Seja como for, cá estou eu e é para continuar a estar.
O primeiro dia em que chorei (mas com vontade) aqui foi quando soube que não ia a casa no Natal porque ia trabalhar no dia 25. Eu sei, eu sei que há muita gente que não passa o Natal com a família, que perde aniversários, recitais de ballet e festas de fim de ano. Mas eu nunca perdi. E estava preparada para abdicar de tudo, menos do Natal. Agora? Agora estou mais conformada. Já disse aqui que o meu namorado se chegou logo à frente para vir passar o Natal comigo e isso chegou para me sossegar o espírito. Ele tem mau feitio, ele é ciumento, ele amua, ele berra mas, no fundo, é um amor e, da mesma maneira que nunca me passaria pela cabeça pedir-lhe para vir passar aqui o Natal sem a família dele, também nunca lhe passaria a ele pela cabeça deixar-me sozinha numa data que sabe que me diz tanto. Por isso, vai ser assim: um Natal pequenino mas, de alguma forma, em família. E os meses foram passando. E eu fui tentando não pensar demais no assunto. 
Agora, ando um bocado perdida. Não sei como me hei-de preparar para este Natal. Por esta altura, já eu andava a sonhar com rabanadas e filhoses e nacos de pão-de-ló com fatias grossas de queijo. Já andava a tirar o pó às bolas de Natal, a ver se as luzes do pinheiro funcionavam e a tirar o presépio da caixa. Já tinha feito o orçamento para as prendas de Natal e andava a sonhar acordada com o que ia oferecer a cada um. Este ano decidi que não ia ter árvore. É só mais tralha para carregar na próxima mudança. Decidi que não ia ter decorações de Natal (pela mesma razão). Decidi que só ia comprar as prendas quando chegasse a Portugal no dia 26 e que só família directa e amigos próximos é que iam ter direito às mesmas. Basicamente, decidi que não ia fazer do Natal nada de especial, porque isso ia só deixar-me triste e não valia a pena. Mas, agora começam a ver-se luzes na rua, o pinheiro à frente da Câmara Municipal já está pronto para ser enfeitado, as lojas estão cheias de bolas e enfeites e começo a sentir um formigueirozinho dentro de mim... Continuo a não querer pinheiro, continuo a não querer nada de especial. Mas começa a ser um bocadinho mais difícil resistir ao espírito natalício (eu fui um duende do Pai Natal numa outra vida, com certeza), ao vermelho, ao verde e ao dourado, ao cheiro a doces e à promessa de sorrisos por entre chávenas de bebidas quentes. No sábado, acabei por ceder à tentação e comprei uma vela natalícia, em branco e em dourado, com um Pai Natal minúsculo, rodeado de prendas no meio da neve. Quase nem se dá por ela cá em casa, mas eu sei que ela está ali e isso aquece-me um bocadinho a alma. Portanto, já que dei parte fraca com as decorações, decidi que vou fazer o mesmo a nível gastronómico e vou tentar ter um Natal minimamente decente. Já avisei o meu namorado que vai ter que fazer o contrabando do bacalhau, já perguntei à minha mãe se acha que é possível fazer rabanadas com baguete e lanço aqui o desafio: quem tiver uma receita simples (simples é mesmo a palavra chave, não nos vamos esquecer que eu não gosto de cozinhar nem de nada que lhe esteja associado), é favor partilhar. Vou tentar partilhar os preparativos e, posteriormente, o resultado dos preparativos para o meu mini-Natal. Assim sinto-me acompanhada e é tudo muito melhor quando nos sentimos em família (;

5 comentários:

  1. Oh mas a decor de Natal traz assim aquela paz gostosa à casa ;)


    www.tarasemanias.pt

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  2. Deve custar bastante...mas o importante, é que não vai ficar sozinha no Natal e terá a companhia da sua cara-metade :) beijinhos e não desanime!

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  3. Eu sei o que isso é . Estive dois anos sem ir a casa :(
    O Skype dá uma grande ajuda .)

    Portuguese Girl with American Dreams
    http://fromportugaltonyc.blogspot.pt/

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  4. Muito boa sorte... imagino que seja um dia muito chato para estar longe!

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  5. Custa tanto passar o Natal fora de casa... aconteceu-me isso, no último Natal. É muito duro estarmos longe de casa e dos nossos...

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