Mostrar mensagens com a etiqueta família. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta família. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 26 de abril de 2016

Rain, rain, go away...

... come again another day. De preferência, um dia em Outubro, daqui a 6 meses, e deixa-nos aproveitar a primavera, por favor. 

A primavera chegou há um mês e houve ali uma altura em que eu ate já estava a ficar animada e mais bem disposta e com vontade de ir às compras e de pensar nas minhas férias. Pois que este fim-de-semana voltou a chover, arrefeceu imenso e eu, que já me estava a preparar para lavar e guardar o meu edredão de inverno, voltei a deparar-me com noites em que os termómetros chegam aos 0ºC e, não só tive que deixar o edredão no sítio, como tive que ir buscar os pijamas de inverno. Toda uma tristeza!

E eu não preciso de tristezas nesta fase da minha vida, que já anda triste por si só. A Isabel (uma das minhas melhores amigas, que vivia em Troyes e é a razão pela qual eu vim para cá trabalhar) foi embora no início do ano e está a começar a ser difícil estar aqui. Nos fins-de-semana acabo sempre por ir a casa de alguém ou ter alguém a vir a minha casa, mas o problema tem sido o dia-a-dia. Acordar, ir trabalhar, sair do trabalho e voltar para casa. Para o silêncio das minhas quatro paredes. Todos os dias. Ando numa fase de desmotivação profunda e isso tem-se notado no blog, peço desde já desculpa. Só me apetece fazer as malas e ir embora. Mas ir embora para onde? Portugal continua a estar um bocado fora de questão, o desemprego não me apela minimamente e ser explorada apela-me ainda menos. E depois há outra questão, já há quase 2 anos que estou aqui, já me habituei ao meu trabalho e às minhas colegas, sobretudo à minha assistente, e não me apetece deixar estas pessoas todas para trás. Mas, depois dou por mim a passar o dia inteiro em pijama e odeio esta sensação de nada para fazer, literalmente, nada. E sei que tenho que mudar. Não sei para onde, não sei quando, não sei como. Mas dei a mim mesma até ao fim do ano para me decidir. 

Se dependesse só de mim, pegava já nas coisas e ia para uma ilha tropical trabalhar em frente à praia (Martinica, me aguarda). Mas não depende só de mim, tenho um namorado em Portugal, que não está nada decidido a sair de lá. Decisões, decisões. Ser adulto é espectacular, toda a fase da minha vida em que os meus pais tinham o direito de decidir por mim foi horrível. Bem, não toda, fui uma criança muito feliz, mas lá pelos 11 anos, com o divórcio e todo o circo que veio atrelado, foi horrível. E agora não é horrível, agora é perfeito. Mas é difícil na mesma. 

Bem, sol, espero que apareças em breve, porque tenho a certeza que me vou sentir muito melhor!

sábado, 2 de abril de 2016

Mais uma moedinha...

... mais uma voltinha.

Funcionassem os aviões da Ryanair a moedas e eu seria uma moça muito feliz. Infelizmente, ainda não aceitam moedinhas - têm preferência por cartões de crédito. Mas, é uma despesa que vale a pena, porque é uma despesa que significa ir a casa. E eu adoro ir a casa. 

Ah, e caso ainda estejam com dúvidas, hoje tenho um avião para apanhar. Próxima paragem: Porto.

Até já!

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Quase de volta a casa e devaneios vários

E quem bate palmas está exausto (clap, clap!), está exausto (clap, clap!), está exaustoooo!

Pois, é isto, gente, estou exausta, daí esta minha introdução espectacular. Gostaram? Óptimo.

Quinta-feira de manhã vou entrar no avião com destino a Portugal e não vejo a hora de aterrar em território lusitano, mas até lá ainda me restam dias muito intensos pela frente. Trabalho, trabalho, trabalho... fazer a mala, fazer as últimas compras de Natal (como chego no dia 24, tenho que levar tudo daqui)... as minhas enxaquecas voltaram a atacar e em grande, só tenho vontade de estar no escuro, de olhos fechados, a sentir o latejar da minha pulsação dentro da cabeça (não porque isso me agrade, mas porque é o que me acontece). Brufen, como eu gosto de ti.

Adiante. 

O meu calendário do advento da Kinder está quase no fim e, a cada chocolate que como, fico mais ansiosa porque é menos um dia que falta para ir embora (e para ser diabética). Estou mesmo com muita vontade de ir para casa. Às vezes dou por mim a pensar que já não sei o que é a minha casa. Que nunca soube. Decididamente, não é Troyes. Não deixo de ver esta cidade como um lugar onde estou de passagem. Uma passagem que já dura há quase dois anos mas, ainda assim, uma passagem. Não sei para onde irei a seguir, mas para Portugal também não vai ser, quase de certeza, porque não há nada lá para mim, exceptuando o bacalhau e as rabanadas que vou enfardar daqui a uns dias. E pão-de-ló. E queijo da serra. Já sinto o colesterol a entupir-me as artérias e ainda nem comecei a comer. Em Janeiro o ginásio cá estará à minha espera! Por agora, o que me espera é o meu país. O meu país que, apesar de em alguns momentos chegar a acreditar no contrário, continua a ser a minha casa. 


domingo, 20 de dezembro de 2015

Desafio Magia do Natal na Blogosfera

Estava eu para aqui, feliz e contente no meu sofá, com uma caneca de chá e músicas de Natal a tocar (Michael Bublé e músicas de Natal, a match made in heaven) quando encontrei este desafio de Natal, que achei muito engraçado (e encontrei-o neste blogue). Portanto, hoje tenho (algum!) tempo livre em mãos, decidi responder.


1. Imagina que o Pai Natal existia e que eras tu. Qual era a primeira coisa que farias enquanto senhor de barbas brancas?

Mudava a fábrica dos brinquedos para as Bahamas. O frio não é a minha cena.

2. Se pudesses fazer parte de um filme de Natal, qual seria e porquê?

The Holiday. Porque é um filme feliz e descomplicado, tal como todas as coisas que eu aprecio na vida.

3. Qual foi o presente mais inesperado que já recebeste no Natal?

Acho que nunca tive um presente assim tão inesperado.

4. O teu gosto pelo Natal tem vindo a aumentar ou a diminuir ao longo dos anos? Porquê?

Acho que se tem mantido. Claro que quando somos pequenos é sempre outra coisa. Mas continua a ter muito significado, especialmente agora que estou fora do país e, depois de já ter sido obrigada a passar aqui um Natal, é uma época em que sabe especialmente bem voltar a casa.

5. Qual o doce de Natal do qual não gostas nada?

Aletria. Peçam-me para fazer um triplo mortal à retaguarda numa corda bamba a 50m do chão... mas não me peçam para comer aletria.

6. O que diferencia o teu Natal do das outras famílias?

A minha família, que é só a família mais disfuncional de que há registo. Mas já fiz as pazes com isso and I wouldn't want it any other way.

7. Quando constituíres família, como gostavas de passar o Natal com eles? Mudavas alguma coisa na forma de passar o Natal  ou manterias os costumes a que foste habituado(a)?

"Quando constituir família" é uma coisa que ainda está perdida algures, num futuro longínquo... mas provavelmente não, não mudava, até porque a opção de mudar implicaria passar o Natal sozinha com os meus filhos em casa e não há pachorra para isso, Natal é festa e é família, mesmo com todas as complicações que esta última possa trazer.

8. O que mais anseias durante o resto do ano pela altura do Natal?

Voltar a casa. O pinheiro. As luzes. Roupa velha. As rabanadas da minha avó.

9. O que não pode faltar no teu quarto na época natalícia?

O mesmo que no resto do ano, não levo o tema das decorações natalícias muito a sério.

10. Quem é que convidarias para passar o Natal  de 2015 ao teu lado?

Hmm... o meu namorado? A minha família? Os meus amigos? Felizmente, tenho a sorte de não precisar de convidar ninguém, eles vão estar lá todos.



sábado, 3 de outubro de 2015

27!

Dia 28 de Setembro fiz anos (palmas para mim!). 27 anos, para ser mais exacta. 
27 anos já me começa a parecer uma idade de pessoa adulta, o que me faz uma certa comichão mas, a julgar pela quantidade de facturas que pago todos os meses, acho que é oficial: sou adulta. Quando é que isto aconteceu? E pior, como é que eu não dei conta? Ainda ontem estava na escola a contar os minutos que faltavam para o intervalo (e como eles passavam devagar, uma autêntica violência) e na segunda-feira tive que ouvir a minha ginecologista a dizer "se estiver a pensar ter filhos, o momento ideal é agora" (tenha lá calma, senhora, não nos vamos entusiasmar).

Fiquei particularmente nostálgica neste meu aniversário. Tive saudades das minhas festinhas de anos, em que a minha mãe fazia comida suficiente para alimentar um exército durante 1 mês, com cubinhos de gelatina em formas de papel, mousse de chocolate, pães de leite com fiambre e queijo e tigelas com batatas fritas (tudo super saudável, portanto).Tive saudades de não saber o que era ter responsabilidades que fossem para além da escola e das regras de boa educação. Mas pronto, parece que isto do tempo é assim que funciona: o estupor passa sem nos pedir licença. 

Fora estes meus devaneios, posso dizer que foi um aniversário muito calminho, as prendas foram poucas e boas e os bolos foram muitos e bons. Além disso, só tenho a acrescentar que fiquei ligeiramente demente depois de ter atingido os 27 anos e que ando numa fase em que me esqueço de tudo e mais um par de botas, a começar pelas chaves da clínica que ficaram em Portugal (o que dá imenso jeito, tendo em conta que a clínica é em França). Já fui à farmácia hoje comprar vitaminas, que diz quem percebe do assunto que isto é só cansaço.



domingo, 13 de setembro de 2015

Hoping for monday

Hoje dei por mim ansiosa pela segunda-feira. Não porque o dia tenha sido mal passado, que não foi, mas porque está a tornar-se muito mais fácil trabalhar do que fazer outra coisa qualquer.
No trabalho não tenho tempo para pensar nos meus problemas. No trabalho não tenho, sequer, tempo para ter problemas. No trabalho, os problemas não são meus, são dos pacientes e eu tenho os meios de que preciso para os poder resolver, que é bem mais do que posso dizer sobre os meus próprios problemas. No trabalho, não tenho ninguém que me possa desiludir (tenho pacientes que, às vezes, me irritam solenemente, mas não posso dizer que me desiludam).

Quando penso em mim, sou obrigada a dizer que fui uma criança muito feliz. Até ao dia em que dei por mim no meio duma guerra que não me dizia respeito e da qual não queria fazer parte. Dei por mim a tentar fazer malabarismos entre o meu próprio sofrimento e o sofrimento em que via outras pessoas, a tentar fazer os possíveis para não desagradar a ninguém enquanto tentava continuar a ser uma criança e, depois disso, uma adolescente. Sim, porque não há nada de que uma adolescente sensível com as hormonas ao rubro precise mais do que dramas familiares em relação aos quais não pode fazer nada, senão assistir e rezar para que tudo acabe depressa. Inevitavelmente, cheguei à idade em que me começou a ser permitido decidir o que queria. E os dramas continuavam, alguns diferentes, alguns iguais, mas todos continuavam a não me dizer respeito. O problema de ter idade para decidir o que queria é que eu não fazia a mínima ideia do que queria, só do que não queria. Fiz muita gente zangar-se, imagino que os tenha magoado também, mas quem não aguentava mais ser magoada era eu e, a bem da verdade, não tinha sido eu a começar isto. Tive que ser egoísta, mas foi uma altura muito decisiva na minha vida: ou virava às costas, ou nunca mais ia conseguir sair do buraco negro em que vivia. Hoje estou contente por ter virado as costas. Com o tempo, os ânimos acalmaram-se, as relações restabeleceram-se, nunca mais seriam as mesmas, mas ao menos não estavam perdidas. Consegui deixar o que era mau para trás das costas, mas tudo deixa marcas.

Hoje, considero-me uma pessoa feliz. Tenho as minhas pancas, mas ora bolas, quem é que não tem? Aprendi muita coisa ao longo dos meus 26 (quase 27!) anos e tenho muito mais experiência de vida do que alguém com a minha idade deveria ter. Mas tenho-a e não me é inútil. Mas aqui entra a parte que me faz rezar para que seja segunda-feira. Aqui entra a parte em que as várias partes do meu cérebro andam à luta umas com as outras, o que resulta em dores de cabeça monumentais. Dum lado, tenho a pessoa minimamente normal que considero ser e que gostava de um dia assentar arraiais e ter a sua própria família, com direito a casa, cão, putos ranhosos e tudo. Do outro lado, tenho a pessoa que viveu a minha vida e que acha que eu estou louca, que nem sequer sei o que é ter uma família, como é que vou ser capaz de criar a minha, por amor aos santinhos, que me deixe de ideias malucas que já há demasiadas crianças traumatizadas no mundo, não preciso de arranjar mais umas.

Será que conseguimos ser diferentes do que os exemplos que tivemos toda a vida? Gosto de acreditar que sim, mas continuo a ter as minhas sérias dúvidas. 

E é para deixar de pensar em tudo isto que quero desesperadamente que seja segunda-feira.

domingo, 26 de julho de 2015

Dia dos avós

Actualmente, há um dia para tudo. Não tarda muito e vão instituir o dia internacional de dar banho ao cágado ou o dia de lamber o chão. Enfim, os exageros do costume da sociedade.

No entanto, e apesar de ter a mania que sou fixe e do contra, sou 100%... esperem, 100%? 200% a favor do dia dos avós. Se, como eu, têm os melhores avós do mundo, vão perceber o que quero dizer. Os avós são uma versão mais experiente (e paciente) dos nossos pais, são os que nos dão sempre a mão, mesmo quando mais ninguém o faz. São eles que estão lá de cada vez que o chão nos foge de debaixo dos pés.

Por tudo isso e por muito mais, feliz dia dos avós (e bom domingo, já agora)!



terça-feira, 2 de junho de 2015

Miau

Que saudades de acordar com os meus gordos a darem-me turras.
As minhas bolas de pêlo amarelas, tão parecidos e tão diferentes. Os dois apanhados na rua bebés e doentes, a morrerem de fome e cheios de medo, um no Porto em 2012 e o outro em Viseu um ano mais tarde, mas quase que podiam ser gémeos. Um com mau feitio e o outro um mimalho. Os dois inseparáveis desde o dia em que se viram pela primeira vez.
Ter que deixá-los em casa da minha mãe quando vim para França foi mesmo muito duro. Mas, ao menos sei que estão felizes e bem tratados (e gordos!).




segunda-feira, 25 de maio de 2015

Oh, happy days

Hoje foi o dia em que acabou o fim de semana prolongado em Paris e voltámos para casa. O dia em que eu voltei para uma casa onde já sabia que não ia estar ninguém à minha espera. Hoje foi o dia em que as saudades bateram forte, depois de uma hora e meia no comboio a partilhar histórias de família, de amigos, de irmãos, de vidas que ficaram para trás, em casa, enquanto nós viemos seguir em frente para bem longe. 
Hoje foi o dia em que tudo o que eu queria era poder voltar atrás e ter mais um dia de praia com a minha mãe, sair da água gelada e deixar que ela me embrulhasse na toalha, brincar com o meu irmão (que era um bebé de bochechas gordas e não um homem de 21 anos com barba e voz grossa), tomar banho, deixar que a minha mãe me besuntasse com After Sun para, a seguir, gritar que não gostava daquilo e ir limpar-me à toalha mais próxima. Gostava de ir para a cama e que o meu pai me viesse ler uma história e dissesse, no fim, "Vitória, vitória, acabou-se a história". De preferência, a história do "Pato, Patinho, Patão".
Tenho saudades de quando tudo era mais fácil e de quando tinha alguém a tomar conta de mim.
Tenho saudades de casa.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Há quase 7 meses que me mudei para França. Às vezes parece que foi ontem, outras vezes parece que estou aqui há uma vida inteira. Seja como for, cá estou eu e é para continuar a estar.
O primeiro dia em que chorei (mas com vontade) aqui foi quando soube que não ia a casa no Natal porque ia trabalhar no dia 25. Eu sei, eu sei que há muita gente que não passa o Natal com a família, que perde aniversários, recitais de ballet e festas de fim de ano. Mas eu nunca perdi. E estava preparada para abdicar de tudo, menos do Natal. Agora? Agora estou mais conformada. Já disse aqui que o meu namorado se chegou logo à frente para vir passar o Natal comigo e isso chegou para me sossegar o espírito. Ele tem mau feitio, ele é ciumento, ele amua, ele berra mas, no fundo, é um amor e, da mesma maneira que nunca me passaria pela cabeça pedir-lhe para vir passar aqui o Natal sem a família dele, também nunca lhe passaria a ele pela cabeça deixar-me sozinha numa data que sabe que me diz tanto. Por isso, vai ser assim: um Natal pequenino mas, de alguma forma, em família. E os meses foram passando. E eu fui tentando não pensar demais no assunto. 
Agora, ando um bocado perdida. Não sei como me hei-de preparar para este Natal. Por esta altura, já eu andava a sonhar com rabanadas e filhoses e nacos de pão-de-ló com fatias grossas de queijo. Já andava a tirar o pó às bolas de Natal, a ver se as luzes do pinheiro funcionavam e a tirar o presépio da caixa. Já tinha feito o orçamento para as prendas de Natal e andava a sonhar acordada com o que ia oferecer a cada um. Este ano decidi que não ia ter árvore. É só mais tralha para carregar na próxima mudança. Decidi que não ia ter decorações de Natal (pela mesma razão). Decidi que só ia comprar as prendas quando chegasse a Portugal no dia 26 e que só família directa e amigos próximos é que iam ter direito às mesmas. Basicamente, decidi que não ia fazer do Natal nada de especial, porque isso ia só deixar-me triste e não valia a pena. Mas, agora começam a ver-se luzes na rua, o pinheiro à frente da Câmara Municipal já está pronto para ser enfeitado, as lojas estão cheias de bolas e enfeites e começo a sentir um formigueirozinho dentro de mim... Continuo a não querer pinheiro, continuo a não querer nada de especial. Mas começa a ser um bocadinho mais difícil resistir ao espírito natalício (eu fui um duende do Pai Natal numa outra vida, com certeza), ao vermelho, ao verde e ao dourado, ao cheiro a doces e à promessa de sorrisos por entre chávenas de bebidas quentes. No sábado, acabei por ceder à tentação e comprei uma vela natalícia, em branco e em dourado, com um Pai Natal minúsculo, rodeado de prendas no meio da neve. Quase nem se dá por ela cá em casa, mas eu sei que ela está ali e isso aquece-me um bocadinho a alma. Portanto, já que dei parte fraca com as decorações, decidi que vou fazer o mesmo a nível gastronómico e vou tentar ter um Natal minimamente decente. Já avisei o meu namorado que vai ter que fazer o contrabando do bacalhau, já perguntei à minha mãe se acha que é possível fazer rabanadas com baguete e lanço aqui o desafio: quem tiver uma receita simples (simples é mesmo a palavra chave, não nos vamos esquecer que eu não gosto de cozinhar nem de nada que lhe esteja associado), é favor partilhar. Vou tentar partilhar os preparativos e, posteriormente, o resultado dos preparativos para o meu mini-Natal. Assim sinto-me acompanhada e é tudo muito melhor quando nos sentimos em família (;

sábado, 27 de setembro de 2014

Até já, Portugal!

Chegou o dia!!! É hoje que volto para casa, yupi! Podem lançar os foguetes.
Mal posso esperar por aterrar em território português! Finalmente, é hora de voltar. Por pouco tempo, mas mesmo assim. E amanhã faço 26 anos, portanto vai ser mesmo para aproveitar e festejar em grande. Peço desculpa pelo post curto e apressado, mas tenho um comboio para ir apanhar. Além disso, continuo sem internet em casa e é difícil poder vir aqui muito tempo.

Até já!!!

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Está quase!

Já não falta muito para que eu envelheça um ano e, consequentemente, também já não falta muito para a minha próxima visita a Portugal! Não sei qual das duas me deixa mais entusiasmada, mas também não interessa. O importante é que, efectivamente, estou entusiasmada. Estou para lá de entusiasmada! Vou voltar a dormir bem, a comer bem, a passear pelos sítios que me são tão familiares, a ver toda a gente. Ai, ai. E já estou a pensar nos bolos de anos. Sim: bolos. A única coisa boa de ter pais divorciados é que há o bolo de anos com a mãe, o bolo de anos com o pai e, quando há tempo que chegue (que, neste ano, não vai haver), ainda há o bolo com os amigos.
Entretanto, por aqui na terra das baguetes e das andouillettes, continua a rotina do costume... gastar dinheiro a comprar coisas para a casa (incrível a quantidade de coisas de que uma casa precisa, por mais pequena que seja), ginásio, muito trabalho e... o desafio do detox de 10 dias com sumos e pouco mais, ideia da Isabel, que voltou das férias em Portugal cheia de motivação! 6 dias já passaram, restam-me 4 pela frente. Para já, está a correr bem. Vá, tirando o terceiro dia, que tinha um sumo cheio de frutos do bosque, do qual não gostei, e que me fez passar um maravilhoso fim de tarde a vomitar. Estive para desistir, mas pronto, cá estamos e tudo corre bem. 
Maaaas, voltando à temática dos meus anos e passando agora ao tópico das prendas... Aproveito para dizer, a quem esteja interessado, que há pouca coisa que me faça falta de momento:

  • Livros em português (por favor, encham-me de livros em português. É um martírio tentar arranjar um por aqui)
  • Roupa da nova estação (calçado e acessórios também se aceitam. Não sou esquisita)
  • Roupa de desporto (nada de calções, nem corsários, isso eu já tenho e não me parecem nada eficazes contra o Inverno que me aguarda)


Como podem ver, eu não sou nada difícil de agradar. Fica a dica.

sábado, 30 de agosto de 2014

Ser forte

Ser forte é uma coisa muito relativa.
Já perdi a conta ao número de vezes que, durante toda a minha vida, ouvi coisas como "tu és mesmo forte" e "não sei como é que aguentas". Tudo coisas muito bonitas e inspiradoras mas, sinceramente... a sério?
Não é como se me tivessem dado a escolher. Ninguém me disse: "Ora bem, e agora o que é que queres? Que os teus pais continuem juntos e felizes e tu continues a viver a tua vidinha pacatamente, como até hoje, ou preferes que eles se divorciem e que tudo se vire de pernas para o ar?". Não fui eu que escolhi a vida que tive. Não fui eu que criei os meus problemas. Eles foram, pura e simplesmente, atirados para cima de mim sem aviso prévio. Ninguém sabe o quão forte é até ser obrigado a ser forte. Ninguém sabe quantos litros de lágrimas consegue chorar sem ir parar ao hospital com uma desidratação. Ninguém sabe quanta coragem tem no fundinho do seu ser até ter que a ir buscar até à última gota. E quando pensamos que já esgotámos com essa última gota, eis que se descobre um novo reservatório. Acreditem que é verdade. A "força" está sempre lá.
É verdade que a coisa podia ter corrido muito mal. Podia ter ficado traumatizada para o resto da vida (ainda mais, vá). Não foi justo o que me aconteceu. Não, de todo. O divórcio dos meus pais foi o menor dos meus problemas, no meio de todo o circo que se criou à volta dele e que se arrastou durante anos e anos, dias e meses infindáveis que se arrastavam, uns atrás dos outros, dias cinzentos, sem luz, sem cor, sem brilho, sem vontade de nada. Dias em que não queria sair da cama (e, efectivamente, só saía quando era obrigada a isso). Conversas inúteis com psicólogo atrás de psicólogo, sempre para me diagnosticarem o mesmo: depressão. No fundo, ninguém me entendia. No fundo, eu não me sabia expressar. Eu não sabia explicar que não aguentava mais. Que não aguentava mais as noites em branco, as horas de gritos ensurdecedores, os insultos, as mudanças de casa, a compaixão ligeiramente indiferente do resto do mundo. Mas (já) não me sinto injustiçada. Consegui crescer muito e muito depressa. Tornei-me adulta muito cedo. Aprendi a observar, a estudar as pessoas e a gerir a minha vida (e, sobretudo, as minhas companhias) da melhor maneira possível. Aprendi a dar valor. À vida, à família, aos amigos, às pequenas coisas. Aprendi a não mandar tudo para o ar à primeira dificuldade. Aprendi que sou capaz de tudo. Depois de fazer frente aos meus pais, duas das pessoas que mais amo no mundo, aprendi que mais nada nem mais ninguém me vai conseguir impedir de ter aquilo que quero. Aprendi que ser pai ou ser mãe não é sinónimo de ser perfeito, mas sim de ser humano que também sofre e erra, mas que, acima de tudo, ama. Na minha família não somos fáceis. Na minha família não há abraços, não há palavras de amor. Mas o amor está lá. Eu sei o quanto custou ao meu pai dizer-me que não era grave eu não poder ir a casa no Natal. Mas sei que ele me disse isso para eu não ir a correr atirar-me para debaixo do próximo comboio que passasse. Eu sei que a minha mãe só me deixa vê-la a chorar quando chega a hora de ir para o aeroporto porque já não tem mais força para engolir as lágrimas.
A grande conclusão que tiro da minha experiência de vida, curta mas intensa, é que somos todos muito pouco tolerantes. É mais fácil ver o quanto os outros nos fazem sofrer, mas é difícil imaginar-mo-nos no lugar deles e pensar no quanto sofrem também. É fácil atirar pedras... aos pais, aos amigos, ao mundo. Mas tentar compreender, tentar aceitar e seguir em frente... isso sim, é ser forte.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Obrigada, pai

Já uma vez escrevi sobre a minha mãe e o quanto me orgulho dela a todos os níveis, é um ser humano absolutamente fantástico: pode estar com 40 graus de temperatura que diz que não é nada, pode ter acabado de cair dumas escadas e ter o tornozelo do tamanho duma melancia que ri-se e continua como se nada se tivesse passado (isto aconteceu MESMO, até a mim me doía, mas à minha mãe? Nunca se passa nada com aquela mulher), pode ter acabado de ser operada e a primeira coisa em que pensa é que vai ter que marcar aulas extra para compensar os alunos (a sério, mãe? A sério?). Mas nunca me alonguei muito sobre o meu pai. O meu pai é um ser estranho. É frio, fala pouco. Lembro-me de ser pequena e de todos os domingos de manhã irmos passear: só eu e ele. Mesmo quando já tinha o meu irmão (mais uma pessoa que adoro incondicionalmente, é só amor e coisas bonitas para estes lados). Eu sei que o meu pai se orgulha muito de mim e sei que sempre tive uma grande capacidade de o magoar (e vice-versa). Herdei muita coisa do meu pai: a começar pelo sorriso (muita gente me gaba os dentes, desde que me lembro de os ter), a passar pelo gosto pela leitura e a acabar na minha frieza. Tenho uma veia dramática, como a minha mãe, mas depois tenho esta frieza aparente que faz toda a gente pensar que tenho um bloco de granito a impulsionar-me o sangue. Isto herdei do meu pai, sem dúvida.
O meu pai é uma pessoa que podia estar comigo um dia inteiro sem dizer uma palavra. Não porque estivesse chateado, mas porque é assim. Mas, se eu chegasse a casa e não lhe fosse dar um beijinho, era o fim do mundo. Lia-me todas as noites para eu adormecer e acabava sempre com "Vitória, vitória, acabou-se a história". Levava-me a comer rosbife ao Convívio, na Boavista e chamava "cabeça de giz" ao polícia sinaleiro.
Acima de tudo, a coisa que mais admiro no meu pai é que, apesar de ser homem e apesar de ser pai, nunca proferiu a frase "porque és rapariga". Quando eu punha a mesa, no dia a seguir punha ele. Quando o meu irmão cresceu, o que mandava um fazer, o outro tinha que fazer igual. Sempre pude sair, sempre pude andar sozinha. Nunca me fez sentir que tinha que ter atitude nenhuma baseada em diferenças de género. Ouvi muitas vezes a bela da expressão acima citada, mas nunca da boca do meu pai. Acho que a maior desilusão que lhe podia dar era um dia deixar um homem ditar a minha vida. Ele nunca o tentou fazer. Tentou educar-me, ensinar-me a distinguir o certo do errado, mas nunca me impingiu nada. Não me tentou educar para "ser mulher", tentou educar-me para "ser pessoa". E foi a coisa mais importante que fez por mim.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Lar, doce lar

Ultimamente, o Porto anda nas bocas do mundo. Melhor destino europeu pela segunda vez, tem o McDonald's mais bonito do mundo, tem uma das livrarias mais bonitas do mundo (a famosa livraria Lello, que já conta com mais de 100 anos), tem uma arquitectura única e uma história singular. Quando eu digo a alguém que sou do porto a resposta é sempre uma destas duas "não conheço, mas já ouvi falar muito bem" ou "já lá estive e adorei!".
Nos últimos anos, as ruas da baixa do porto encheram-se de turistas. É impressionante como, de repente, ficou mais difícil encontrar alguém que fale português. É ver grupos de turistas com os seus guias e de máquina fotográfica em riste, é ver casais apaixonados que vieram fazer uma escapadela romântica, é ver famílias inteiras a apontar para tudo com um ar espantado. Não é para menos. O Porto é lindo. Mais do que ser lindo, o Porto é único. É diferente de tudo, com as ruas inclinadas, com os seus milhares de tons de cinzento, com o seu sotaque e as suas gentes particulares, com as francesinhas, com os barcos rabelos, com o rio Douro, o mar, a ribeira, as pontes, as muralhas, aquela decadência encantadora, tudo nos faz sentir que viemos parar a um lugar realmente especial. 
O Porto é o sítio ideal para quem quer arranjar problemas... é tudo gente que ferve em pouca água. Mas também é o sítio ideal para quem precisa de ajuda. Podem precisar da coisa mais insignificante do mundo... que a rua inteira vai parar para vos ajudar. Como quando o meu carro morreu perto de casa da minha avó. Eu não fiz nada, fiquei só a olhar e em 5 minutos o funcionário do supermercado, o instrutor da escola de condução e um senhor que ia, simplesmente, a passar na rua puseram-me o carro a andar outra vez, diagnosticaram o problema e disseram-me qual era o melhor sítio para o levar. Assim, tão simples quanto isto.
Faz-me muita confusão viver num sítio onde as pessoas não se ajudam. Em Viseu, por exemplo. Adorei a cidade, é um sítio maravilhoso para se viver (cidade portuguesa com mais qualidade de vida e com todo o mérito), mas não é a mesma coisa. Não é a minha casa, para começar. E não há as mesmas pessoas. E aqui em Troyes, então, nem se fala. Desde do dia em que encontrei um menino que se tinha perdido da mãe e não houve uma única alma caridosa que se tenha oferecido para me ajudar (a mim ou a ele, porque ele já estava a chorar no meio da rua quando eu passei), fiquei mesmo desiludida. As pessoas aqui são simpáticas, mas falta-lhes o espírito ao qual tão bem me habituei.
Porto, Porto, Porto... que saudades que tenho. E que orgulho, também.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

E se eu pudesse...

...mudar alguma coisa na minha vida? Bem, trazia o meu namorado para perto de mim, tipo... JÁ. Mas, fora isso, o que é que eu mudava de substancial na minha vida? Nada. Nada de nada. Está tudo muito bem assim, obrigada. Sou uma pessoa feliz. Nem sempre sou uma pessoa alegre (isto das pessoas que andam sempre bem dispostas, a apreciar passarinhos e a pintar arco-íris é assim meio-para-o-sinistro-a-atirar-também-um-pouco-para-o-psicopata, a meu ver), choro e irrito-me e deprimo-me. Mas, no fundo, sou uma pessoa feliz (finalmente). Tenho um bom trabalho, um bom horário e um bom salário, tenho tempo para descansar e para fazer o que quero, tenho amigos, tenho saúde, tenho família. Tenho saudades (como qualquer português que se preze). Pode parecer triste ter saudades, mas não é. É doloroso, mas é bom. Ter saudades é ter algo ou alguém de importante na nossa vida. No meu caso, é ter um país lindo (e pobre e corrupto e outras coisas mais, mas que agora não são para aqui chamadas) para onde voltar. É ter a minha família, maravilhosamente disfuncional sempre à espera do meu próximo regresso. É ter os meus amigos, que também querem que eu volte. É ter amor e coisas boas que, não estando connosco, também nunca nos deixam realmente.
Não sou do tipo de pessoa de me deixar levar pelas emoções. Não ando pelo mundo a espalhar sorrisos: tenho sempre os pés muito bem assentes na terra, por muito feliz que esteja. Isso leva muita gente a pensar que sou triste. Não sou. Já fui. E as memórias de tudo o que (ultra)passei são mais coisas que me deixam feliz. Porque já passou. Porque me ensinaram muito. Porque tirei uma grande lição de vida de todos aqueles momentos. Gosto muito de reflectir, de recordar e de analisar. E quanto mais o faço, mais me apercebo do quão feliz sou.

domingo, 10 de agosto de 2014

Bom domingo!

Hoje, continuamos com a temática animal. A quinta do meu namorado tem um novo membro, que nasceu na noite de quinta-feira. É uma menina, é meiga e bastante atrevida (dizem eles e eu tenho que acreditar porque não estou lá para ver).
Só coisas boas a acontecerem (=



sábado, 9 de agosto de 2014

Velhos hábitos

Tenho um hábito muito mau (ou muito bom).
Na altura do divórcio dos meus pais (não pensem em meses, pensem em anos, muitos e dolorosos anos), como filha mais velha que era, cabia-me a mim ter as costas largas e levar com as culpas, com os desabafos, com o desespero, com os gritos, enfim, com tudo. Os meus pais usavam-nos para se atingirem um ao outro, os familiares à volta usavam-nos porque ficava bonito mostrar compaixão pelos "coitadinhos" mas, porque também dava jeito ter alguém a quem mandar umas indirectas ou de quem se aproveitar de vez em quando, porque os pais estavam demasiado ocupados a matarem-se um ao outro para se lembrarem de os defender. Sofri muito, a minha personalidade mudou do 8 para o 80: quando era pequena lembro-me de me dizerem que falava pelos cotovelos, dum dia para o outro começaram-me a acusar de nunca falar. "Falar para quê?", pensava eu. Como se alguma coisa que eu tivesse para dizer pudesse fazer a mínima diferença. No auge da minha adolescência e das minhas alterações hormonais, ainda tive que lidar com uma depressão (dizem que isto é para a vida, que está sempre lá. Eu espero que não). E, mesmo assim, nunca me queixei (muito... havia sempre espaço para alguma atitude mais dramática). Era mais fácil dizer que sim com a cabeça a tudo, porque calavam-se mais depressa. Era mais fácil dizer que sim, que só sei defender a minha mãe, ou que sim, que estou sempre do lado do meu pai, ou que sim, que sou uma egoísta que não pensa em mais ninguém. Quando se diz que sim, as discussões acabam. No fundo, eu sabia que ninguém pensava realmente aquelas coisas (ou, pelo menos, espero), só queriam poder dizer meia dúzia de caralhadas disparates para se sentirem mais leves e mais calmos. Afinal, quem nunca fez isso? Mas doía e eu não estava emocionalmente preparada para aguentar com tudo o que me caiu em cima. Durante anos, só olhava para o chão para não ter que enfrentar um espelho. Durante anos, chorei horas e horas a fio antes de adormecer e depois de acordar (será por isso que agora quase morro sufocada antes de conseguir expulsar uma lágrima?). A minha solução para não enlouquecer? Metade das vezes (ou de quase todas as vezes, vá) que alguém abria a boca para dizer alguma coisa que eu já sabia, mesmo antes de ouvir, que me ia atingir a fundo naquele pontinho da alma onde tudo magoa mais do que o nosso próprio corpo está preparado para aguentar, eu cheguei a uma altura em que conseguia não ouvir (literalmente) uma palavra do que me estavam a dizer, nem que me gritassem directamente aos ouvidos. Foi uma coisa muito útil. Tão útil, que o hábito ficou. E, o pior, é que às vezes faço isso mesmo sem querer. Dou por mim muitas vezes, a meio duma conversa, a pensar na letra duma música que ouvi ou a elaborar, mentalmente, a minha lista de compras do supermercado. E depois, de repente, acordo (geralmente porque quem está a falar comigo fica à espera duma resposta). Lá chega a altura de abanar a cabeça e fazer um sorriso (ou não, depende da expressão de quem está a falar) porque não faço a mínima ideia se acabaram de me falar sobre a apanha da batata em Santa Comba Dão ou sobre a crise política na Terra do Nunca. Quem me conhece, sabe que eu sou mesmo assim. A quem não conhece, aqui fica o meu pedido de desculpas e a promessa de que não, nunca hei-de mudar. É a minha qualidade-defeito preferida. Graças a isto, foi mais fácil deixar tudo para trás das costas e ter, actualmente, uma relação saudável com os meus pais e restantes familiares.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

De volta

Foram 5 dias (nem isso). Cinco dias que passaram a correr... melhor dizendo, que passaram a voar. No sábado, lá consegui saltar da cama às 4 da manhã, às 5 já estava na estação para apanhar o primeiro comboio até Paris. Nunca gostei tanto de Paris como no sábado de manhã, foi a primeira vez em que vi a cidade sem estar mergulhada no caos. É Paris, portanto continuava a ter imensa gente na rua, mesmo antes das 7 da manhã, mas o ar era respirável. Cheguei ao aeroporto tão ansiosa como as crianças nos dias que antecedem as férias, fui comprar caixas de chocolates para os meus irmãos e queijos para os meus pais. À hora de almoço, já estava em Portugal. Fui recebida por um tempo espectacular, com o sol a brilhar e nem uma nuvem no céu e por um namorado ainda mais espectacular e cheio de saudades. Cheguei a casa e só tive tempo de tomar um banho e de me esticar no sofá com gelo no tornozelo (entorse há mais de uma semana, com dores e inchaço que não havia maneira de diminuírem) durante meia horita até chegar a primeira visita: o meu avô. Isto de ser emigrante tem destas coisas, de repente, toda a gente faz imensa questão de ser agraciado com a nossa presença. Claro que o meu avô é família, por isso não conta para a estatística. O lanche foi a coisa mais simples e maravilhosa de sempre: almendrados, húngaros e, do que eu mais tinha saudades, pão com fiambre (aqui o conceito de fiambre é completamente diferente daquele a que estamos habituados e, sinceramente, não me convence) acompanhados do famoso Compal. Ai, que saudadinhas que eu tinha da nossa comida. 
No domingo, seguiu-se a visita a casa do meu pai que, ultimamente anda armado em chefe de cozinha, e me fez um arroz de cabidela. Comi até rebentar. Sim, porque o senhor até tem jeito para a coisa e, no que me diz respeito, pode continuar a cozinhar. Ainda arranjei tempo para ir beber um sumo com uma das minhas melhores amigas e, no dia a seguir, para almoçar com outra das minhas melhores amigas (sendo que, a terceira das melhores amigas está aqui em França comigo, o que não é mesmo nada mau). Não posso deixar de parte o almoço maravilhoso que a minha avozinha me fez (não, não fiz muito mais além de comer durante estes dias). Há uns tempos tinha-lhe ligado e dito que tinha saudades de comer sardinhas fritas com arroz de tomate malandro. Importante referir que o arroz de tomate malandro da minha avó é  o melhor do mundo. E o que é que tinha à minha espera quando fui a casa dela? Exacto, sardinhas fritas e o bendito do arroz. E ainda bem que o almoço foi reconfortante, porque seguiu-se uma tarde de muito sofrimento (e de um tornozelo que piorou tudo o que já tinha melhorado) às compras com o meu namorado. E dizem que as mulheres são complicadas? A missão para aquele dia era encontrar um fato para ele usar na defesa do doutoramento (está quase!!!), missão essa que eu cumpri lindamente. Fato, camisa, gravata e ainda consegui desencantar uns sapatos. Mas, claro que o menino não se podia ficar por aqui. Aproveitou a deixa e foi calças de ganga, camisas e t-shirts até já ser de noite e estarmos atrasados para o jantar que se seguia. 

Foram dias espectaculares. Apesar de não ter parado um segundo, serviram para pôr o sono em dia. Consegui ter noites de sono ininterruptas, coisa que já só tinha muito de vez em quando, consegui matar saudades da criançada (leia-se: dos meus irmãos), da família, dos meus gatos, da terra, da comida, do mar. Toda a minha vida foi passada perto do mar. Até de férias, era raro irmos para algum lado que não tivesse praia. Acontecia, mas era raro. E é uma das (muitas) coisas de que sinto realmente falta aqui.

Agora, já estou de volta a Troyes. Pensava que isto de vir embora ficava mais fácil com a força do hábito, mas não. Da última vez consegui aguentar as lágrimas, com muito esforço, mas consegui. A primeira vez que chorei foi quando recebi a carta a dizer que tinha que trabalhar no dia de Natal e, mesmo assim, foi só depois de já estar bem fechada em casa. Desta vez, tive que ir à casa de banho do aeroporto chorar baixinho durante um bocado, esperar mais um minuto ou dois para sair com um ar apresentável e, pronto, cá estou eu outra vez, de volta à minha nova rotina de trabalho, casa, ginásio. Agora só volto a Portugal em Setembro. Até lá, vou esforçar-me bastante na dieta e no ginásio (está visto que isto de ir a Portugal é só encher o bandulho) e tenho uma mudança de apartamento pela frente. Mais aventuras, portanto.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Finalmente...

Depois de dois meses e meio (mais coisa, menos coisa) ininterruptos em França pontuados, apenas, pela visita do meu namorado, chegou a altura de ir a casa. Os deuses conjugaram energias, as estrelas alinharam-se numa posição favorável e mimimimimi e, graças ao feriado de 14 de Julho e às minhas folgas de sábado, terça e quarta-feira vou poder ir a casa passar uns dias que, certamente, vão saber a pouco, mas que já não estão nada mal. 
Quero comer e descansar até não poder mais. Quero ver a minha família, quero ir à praia, quero ouvir falar português onde quer que vá. Quero sol, quero mar, quero areia, quero peixe fresco e pastéis de nata e arroz de tomate malandro. Quero bacalhau e quero Super Bock.
Estou mesmo, mesmo, mesmo ansiosa. Tenho medo que haja algum problema com os voos, com os comboios, com o RER ou com o Orlyval (ou com qualquer outro meio de transporte do qual eu precise até estar com os pés assentes em território português). E, como também tenho medo de não acordar a tempo de apanhar o comboio para Paris, vou mas é dormir (supondo que consigo, no meio de tanta ansiedade)

Até já, Portugal!