quarta-feira, 27 de maio de 2015

Falando de coisas sérias

Há uma coisa que me incomoda imenso quando penso nos meus compatriotas portugueses, os de Portugal e os que estão espalhados pelo mundo. A seguir à corrupção, acho que é o nosso maior defeito. E do que é que estou a falar? Da mania que temos de que não prestamos para nada. Daquele hábito extremamente irritante que os portugueses têm de abrir a boca para falar do seu país e só terem comentários negativos a fazer. Porque o país não presta, porque as pessoas não prestam, porque ninguém trabalha, porque ninguém sabe fazer nada e porque só o que vem de fora é que é bom. Meus amigos que fazem isto, tenho duas coisas a dizer:

  1. Estão redondamente enganados;
  2. Enquanto continuarmos a agir assim, ninguém nos vai dar valor.
É verdade que o nossos país tem montes de defeitos. Para mim, o pior é a corrupção. A grande e a pequena, é o que está a minar completamente o país. É verdade que somos pobres e pequeninos. Mas não é por isso que somos mais atrasados que os outros. Eu vim para França habituada a uma coisa tão simples como a ASAE que, parecendo que não, é algo que faz muita falta. E cheguei aqui e tive que lidar com coisas que me deixam arrepiada, como ir à confeitaria, pedir um croissant e a mesma senhora que, há dois segundos estava a fazer trocos na caixa, pega no que pedi directamente com a mão (sem a lavar, obviamente) e mo entrega, sem sequer pestanejar. 
Desta última vez em que estive em Paris achei imensa graça a um grupo de turistas portugueses que encontrámos numa estação de metro e um deles apontou à volta e disse "Isto é uma chungaria!". E é mesmo! E é preciso que comecemos a ser capazes de olhar para o que temos de bom, em vez de nos concentrarmos só no que temos de mau. É preciso que as pessoas deixem de achar que Portugal é uma aldeia, onde as estradas são caminhos para carros de bois, onde todas as mulheres têm bigode e andam de lenço preto na cabeça e todos os homens têm barriga de cerveja e mastigam um palito. Porque é isso que acham e a culpa é nossa! A culpa é nossa que baixamos a cabeça e não nos orgulhamos minimamente do nosso cantinho que, mesmo com todos os seus defeitos, continua a ser o país mais bonito do mundo. É a nossa casa.
Quando nos acusam de que não trabalhamos, de que não merecemos mais do que a miséria que nos dão, nós temos que levantar a cabeça e bater o pé. A começar pelo bando de incompetentes que nos governa e que faz dos portugueses o que quer e a acabar no resto do mundo. Enquanto nos comportarmos como uns inúteis que não são merecedores de coisa nenhuma, é exactamente isso que vamos ter: coisa nenhuma.

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