terça-feira, 1 de dezembro de 2015

La vie en France #12

Bem, parece que ultimamente só tenho feito posts sobre este tema, mas a verdade é que é um assunto sobre o qual há sempre alguma coisinha a dizer.

Hoje trago-vos mais um exemplo da boa eficiência francesa, que eu adoro e que me inspira todos os dias da minha vida (só que não).

Aqui em França, quem vive numa casa alugada tem que pagar um imposto de habitação. A cartinha chega pelo correio, com um destacável que se pode assinar e mandar de volta, também, pelo correio, num envelope próprio, que eles também fornecem. Até aqui, tudo parece muito simples. Pois que, eu enviei o meu pagamento e 15 dias depois ainda não tinha sido debitado. Liguei para lá e disseram-me, muito tranquilamente, para ter calma porque com isto dos atentados tinham alargado os prazos. Hoje, uma semana mais tarde, continuam a não ter debitado o dinheiro. Tentei ligar, mas só tive direito a ouvir o atendedor de chamadas automático, pelo que peguei em mim e me dirigi pessoalmente à repartição das finanças. Quando, finalmente, chegou a minha vez de ser atendida, expliquei o meu problema e a funcionária limitou-se a olhar para mim, impávida e serena e a encolher os ombros. Ficámos ali a olhar uma para outra durante uns segundos, em silêncio, durante os quais apenas pestanejámos e, quando eu já me estava a perguntar se ela sofreria de algum tipo de autismo, eis que ela decide falar:

"3 semanas realmente já é algum tempo. Mas espere mais uma semana e, se continuar igual, passa aqui e deixa-nos um cheque."

Ok, até aqui tudo bem. Mas, uma vez que tinha o meu livro de cheques comigo, perguntei se não podia deixar já um cheque e ficar descansada, sendo que a resposta que tive foi mais um encolher de ombros, mais um suspiro e um muito aborrecido "Se você quiser". Sim, eu queria. Eu queria pagar a porcaria dos impostos e não ter que pensar mais no assunto. Passei o cheque e, quando lho dei para a mão, perguntei "Não vão descontar o dinheiro duas vezes, pois não?". Pois que, senhora criatura de Deus sorri e diz (com mais um encolher de ombros, pois claro): "É assim, pelo seu bem, espero que não!". Como assim, espera que não? Se eu deixar aqui o cheque não fica logo registado que está pago? Não anula o outro pagamento que mandei por correio e que anda só-Deus-sabe-onde? "Não". Aparentemente, os computadores e a Internet ainda não chegaram às finanças francesas.

Moral da história: vim embora com o cheque e vou esperar mais uma semana. Sendo que, a julgar pelo discurso de hoje, daqui a uma semana arrisco-me na mesma a pagar duas vezes o mesmo imposto. 

7 comentários:

  1. Ai Sofia...
    O pior é que em PT também acontecem essas situações. E quando assim é, pagas duas vezes e não devolvem o excesso (dizem que será utilizado para fazer face a outro imposto), mas se pagarem atrasado, corres o risco de pagar o imposto 2 ou 3 Vezes mais...
    Isto é triste, muito triste e revoltante!
    MR<3
    @sagadaemigracao

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Hmm não, estás enganada, em Portugal fazem devoluções. Demoram o tempo que lhes apetecer, mas devolvem. E a questão nem é essa, o que mais me incomoda é ver pessoas completamente à vontade com a sua própria incompetência e isso não se vê em Portugal. Pelo menos, não com a mesma frequência com que se vêem aqui...

      Eliminar
  2. Desencontros... :))
    Olha, a única vez que estive de baixa, há muitos anos, foi quando o meu filho na altura com 15 meses (hoje tem 22) partiu uma perna e estive de ficar com ele no hospital. Pagaram-me a baixa duas vezes. Pois é :)) Claro que passados 2 (dois) anos deram por ele e tive de devolver tudo, mas como vês, o inverso pambém acontece e em qualquer lado :))

    ResponderEliminar
  3. Realmente, as coisas funcionam mal por todo o lado...

    ResponderEliminar
  4. Epa mais vale mesmo não arriscar em pagar duas vezes. Que depois para devolverem é sempre uma eternidade (digo eu).

    ResponderEliminar